Uma ode, um hino a ela

Ela é imprescindível, útil, valente. Em tempos de Covid-19 ganhou importância, status. Quem não a conhecia direito passou a admirá-la, muitos correram para obtê-la. A maioria usa e abusa dela.

Custou. Mas enfim a água sanitária teve a chance de mostrar o seu valor.

Relegada às prateleiras inferiores e vendida a preços módicos, infinitamente mais barata do que seus similares “de marca”, ela sempre esteve em todos os lares, mas precisou da pandemia para ser reconhecida. Vive seus dias de glória. E sua desforra é absoluta.

Passou a frequentar carrinhos de supermercado de gente chique, que nem sabia que sua identidade era a mesma da Cândida que a doméstica da casa pedia para que fosse incluída na lista compras. Tornou-se mais importante do que Veja ou Ajax, assumiu o protagonismo das “mil e uma utilidades” do Bombril.

Não se importa de ser chamada pelo nome popular água sanitária em vez do mais pomposo hipoclorito de sódio. Considera que em pleno surto é melhor o apelido mais simples para não acabar confundida com nomenclaturas complexas como hidroxicloroquina, que o presidente da República e outros irresponsáveis metidos a besta resolveram receitar para combater o vírus.

Vai que algum desavisado misture as bolas.

Mas ela não quer saber de embates políticos. Sua missão é desinfetar alimentos e embalagens, utensílios, roupas (cuidado para não descolorir), paredes, portas, chão de casas, hospitais. Com maior ou menor diluição, destrói microorganismos, algas, bactérias, vírus.

É um dos maiores aliados de quem cumpre quarentena, dos que ficam em casa e precisam se proteger. Em gotinhas, limpa os legumes, verduras e frutas, lava solas de sapatos, higieniza banheiros, cozinhas, áreas de serviço.

Ela é mesmo o máximo. Merece todas as honrarias.

Sua eficácia é cientificamente comprovada há décadas, sua função e utilidade públicas são indiscutíveis. Hospital algum estaria em funcionamento sem ela. Igrejas, templos, escolas estariam condenados. Sem sua ação antisséptica, a multiplicação do vírus seria ainda mais medonha.

Ainda que ela não consiga sanear pessoas – seria fantástico se os poderes do hipoclorito limpassem pelo menos o ódio e a ignorância que se multiplicam como fungos na República bolsonarista –, ela merece muito mais destaque do que uma cloroquina de validação duvidosa. Viva a água sanitária!

15 e 16/4/2020

5 Comentários para “Uma ode, um hino a ela”

  1. Viva uma água que deveria lavar todas as caras desses políticos vagabundos que existem no país.

  2. Mary, minhas pesquisas in vitro confirmaram eficácia de 100% da candida na destruicao do coronavírus. Basta agora começar os testes clínicos em humanos!

  3. Excelente, fantástico texto, parabéns!!!
    Maravilha como escreve está jornalista!
    Que honra ler!
    E a minha Tia querida!!!
    Amamos vocês todos
    Vazarada!

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