Este texto poderia ter sido mandado pelo WhatsApp. Digo isso apenas para mostrar que faço uso dos modernos recursos da informática, e me encanto.
Agora, a comunicação direta entre seres inteligentes por meios naturais – boca e ouvido – está difícil. Veja o que me aconteceu na quarta-feira, no metrô. Desembarquei em uma estação, em busca de conexão para outra linha. Na plataforma desta, fiquei em dúvida. Será que estou no embarque certo?
Resolvi confirmar. Só havia uma moça por perto. De costas para mim, apoiada em um dos suportes que balizam o embarque. Me aproximo.
– Mocinha, por favor.
Não deu a menor atenção. Contornei-a, e confirmei minha suspeita. Falava no celular. Vi outra moça, logo adiante. Falava no celular. Nisso, surgiu um homem, saído das escadas. Caminhava mexendo no celular. Depois um rapaz. A mesma coisa. Fiquei sem ter com quem falar!
Logo surgiram da escada outras pessoas, e tive a felicidade de manter um diálogo como antigamente, com o uso da fala. Uma senhora, que se surpreendeu um pouco com a minha abordagem tête-à-tête, confirmou que eu estava na plataforma certa.
Prevenindo o futuro, tenho uma sugestão. Braçadeiras para colocar no ombro, com o e-mail. Todo mundo com braçadeira e celular na mão. Você se aproxima, lê o endereço na braçadeira e digita sua pergunta por e-mail ou WhatsApp. “R. Consolação é pra lá?”. “É”.
Chegando para o encontro: “Desculpe atraso”. “Ok.” No motel: “Bela bunda”. “Kakakakakakaka.”
***
Jaboti, depois do rebu na Câmara (19/11):
O Cunha pelo menos tem uma qualidade. É explícito, faz tudo às claras.
Novembro de 2015
Cliquei, gostei!
Meu companheiro Valdir sempre traz temas importantes e ligados ao nosso dia s dia. Esse encantador ‘mundo novo’ nos coloca em colóquio, mesmo à distância de quilômetros. Este mesmo encanto que aproxima consegue afastar as pessoas que vivem até sobre o mesmo teto. Meu filho, minha mulher e eu, sob mesmo teto, conseguimos a proeza de ficar sem nos falar, diretamente, pelo menos por 12 horas. Eu no computador, ela no tablete e ele no smartfone, a nos unir e desunir apenas a informática. Após 12 horas a fome nos despertou e nos encontramos em volta da mesa tendo a frente um prato de arroz e feijão símbolo do admirável mundo velho. Depois voltamos ao admirável mundo que o Valdir descreve.
Miltinho, a coisa está mesmo feia (ou bonita, dependendo de quem vê). Meu neto de nove anos, se bobearmos, almoça o bom feijão e arroz jogando no celular. U’a mão no garfo, outra no aparelho. Nem se pode dizer que é sinal dos tempos. É sinal do wifi!
Valdir, para nossa sorte o sinal as vezes cai. Já pensou uma catástrofe na WEB tipo queda total de sinal, tal qual o rompimento da barragem em Mariana? Os internautas ficariam em pânico. Meus netos quando me visitam perguntam porque não tenho sky-tv a cabo e filmes netfix ou o porque meu celular não é touchscream. Dá um trabalho medonho inventar brincadeiras para entreter os piás.
Em vez de benção ne pedem a senha. Pode?
Meu sobrinho-neto, João Lucas, o ex-cabeça de cone, de dez meses, já sabe mexer no touchscreen do meu telefone, Valdir. Às vezes chora se a gente toma o celular. Não tiro umas dúvidas tecnológicas com ele, porque ele ainda não aprendeu a falar. Mas não sou tão jurássico assim. Faço meus comentários no 50 Anos pelo smartphone. Diariamente uso o celular para ler os jornais e revistas e meu novo notebook também é touchscreen e vira tablet. E juro que nem sabia que ainda vendiam celulares sem touchscreen, Miltinho. Isso é tão antigo quanto votar no PT. Reclamo que minha mulher não larga o telefone , mas já cansei de falar com ela por celular, quando acordo e ela está em outro ponto da casa, ou no quintal. Às vezes, quando está na cozinha, ela me envia um “venha almoçar” pelo Whatsapp. E já enviei mensagens quando ela está ao meu lado, absorta no Whatsapp ou no Facebook, e vejo que é impossível me comunicar de outra forma. Porém, na hora de encontrar um endereço complicado, é ela quem sabe operar o GPS do celular ( Waze) dentro do carro. Só espero que o João Lucas não desista de aprender a falar e prefira se comunicar exclusivamente pelo Whatsapp.
Espero LUIZ e VALDIR, que João Lucas, Julia, Juliana, Giovana, Gabriel e outros jovenzinhos tenham paciência de me ensinar a utilizar Wahtsapp, GPS, Waze, Face, touchscreen, etc… e que com 16 anos tenham opção de votar eletronicamente, não no PT ou em caquéticos e belicoso, mas em jovem do ENCANTADOR MUNDO NOVO.
Eu acredito é na rapaziada que vai em frente e segura o rojão, eu acredito nesta juventude
que constrói a manhã desejada.
E isto Valdir, continue fazendo a pauta.
Miltinho, estou com você e não abro. Luiz Carlos, quando você piscar os olhos o João Lucas já vai estar alfabetizado, te mandando What… o que será que terá surgido então?
Bateu uma recaída de saudosismo. Vou mandar um telegrama fonado para o Sérgio Vaz.
O pior de tudo, Valdir, Miltinho, Luiz Carlos, é quando coisas que você nem chegou a saber muito bem o que é já são páginas viradas, do tempo do onça… Vejam este trecho de uma beleza de crônica do Artur Xexéo, intitulada “Nunca mais”:
“Nunca mais vi ninguém revelando um filme. Nem criando uma comunidade no Orkut. Nunca mais ouvi ninguém falar do Second Life.”
Aliás, recomendo a leitura dessa crônica do Xexéo, uma beleza: http://oglobo.globo.com/cultura/nunca-mais-18109286#ixzz3sKcB7sVC
Se o Xexéo quiser matar a saudade, Brasília tem o último cine drive-in em funcionamento no Brasil. Foi inaugurado em 1973, tem capacidade para 500 carros e uma tela de projeção gigantesca, de 312 m2. Quem desejar algum lanche ou bebida, mesmo alcoólica, basta piscar o farol do carro, que aparece um garçom para atender os pedidos. Fica localizado na parte central da cidade, próximo ao estádio Mané Garrincha. Atualmente recebe cerca de 200 espectadores por dia e recentemente foi tema do longa O Ultimo Cine Drive-in, do diretor Iberê Carvalho. Premiado no festival de Gramado, o filme conta a história do jovem Marlombrando e seu pai, que lutam para manter vivo o cine, apesar da falta de público e da ameaça de demolicão. Por se tratar de uma história de amor ao cinema e apresentar o Drive-in para quem não conheceu, bem que merecia a atenção do 50 Anos de Filmes.
De volta ao “Encantador Mundo Novo” tentei ler a crônica do Xexeo através de acesso ao link citado pelo Sérgio. Não consegui, o melhor jornal do país líder dos inconteste do PIG, quer meu cadastro e que assine o jornalão. Sou do tempo em que Xexéo escrevia para o saudoso JB, sou caquético e conservador, não uso Face e sou tão ultrapassado que não sabia o que era o “Second LifE” citado pelo Servaz.
Graças a “50anos” e a maravilha mundonovista chamada Wikepédia, pude saber o que era(sic) “SecondLife” e que Xexéo vítima de um passaralho em janeiro de 2015 foi recontratado em setembro de 2015.
Melhor ainda a dica do Luiz Carlos sobre o filme ‘O Último Cine Drive In’ que vou procuar locar no Netflix já que as locadoras estão em extinção. Boa dica e melhor sinopse
do Luiz, e que poderia ser aproveitada pelo hollydiano editor de “50anos de filmes”.