A versão oficial para a viagem de dona Dilma à Bélgica seria curiosa se não fosse o fato de o tour ter durado menos de 30 horas.
Vamos ser francos: cá para nós, se eu fosse a presidente com um avião à minha disposição no quintal de casa, eu também iria preferir ir a Bruxelas comer uns bons gauffres do que ir a Salvador, onde o PT estaria ensarilhado contra mim…
Pelo menos é o que corria à boca pequena, se bem que eu acho que na hora do aperto o PT vai aplaudir a esbelta presidente, já que o objetivo maior é que ela mantenha bem estofada e bem confortável a cadeira presidencial para o Lula se aboletar em 2018.
Mas o que dona Dilma foi fazer em Bruxelas? Simples: com a empáfia que lhe é costumeira, saiu de Brasília crente que ia apressar a resolução do impasse entre UE e Mercosul, pepino que perdura há 16 anos.
Não foi o que aconteceu. O impasse continua. Dona Dilma declarou que não saiu frustrada, que a Argentina, apesar de ter travado um pouco as negociações, não é impedimento, muito pelo contrário.
A viagem, se não serviu ao Mercosul, serviu a nós brasileiros que ficamos sabendo, através da entrevista coletiva que dona Dilma concedeu em Bruxelas, que a inflação de 8,47% que sofremos é “atípica”, que o país está extremamente preparado para enfrentar o momento de crise e mais: “não acho que a população tem de consumir menos, pelo contrário, tem de continuar consumindo”.
Confesso que adoraria seguir o conselho de dona Dilma e ir às compras sem medo. Ou ao médico sem entrar em pânico pelos exames que ele vai pedir ou os remédios que vai receitar.
Na mesma entrevista, Dona Dilma, irritada com uma pergunta mais direta sobre assumir ou não suas responsabilidades no caso de ser comprovado seu envolvimento com a corrupção na estatal, declarou:
“Eu não respondo a esta questão porque eu não estou ligada. Eu sei que não estou nisso. É impossível. Eu lutarei até o fim para demonstrar que eu não estou ligada. Eu sei o que eu faço. E eu tenho uma história por trás de mim. Neste sentido, eu nunca tive uma única acusação contra mim por qualquer malfeito. Então, não é uma questão de ‘se’. Eu não estou ligada”.
Acontece que a vida real aqui na planície não comporta os delírios de dona Dilma. Aqui manda a realidade.
Exemplos:
Aqui, o mensalão existiu e foi uma desgraça.
Aqui, o petrolão foi um vexame inominável, numa estatal do porte da Petrobrás.
Aqui, é até pior saber que numa empresa com 30 mil funcionários um grupelho de cinco conseguiu tecer o horror que teceu, sem que Dilma Rousseff como ministra das Minas e Energia, ou chefe da Casa Civil do Lula, ou presidente do Conselho de Administração da gigante brasileira, chefe de dona Graça Foster, não desconfiasse de que algo estava muito errado.
Aqui, ficamos todos tontos com as cifras usadas na campanha política de 2014.
Lula uma vez disse que o Brasil era muito fácil de ser governado. Na hora não compreendi. Agora acho que sei o que foi. Temos um piloto automático da melhor qualidade. Não precisamos de comandantes em ação. Por isso fica fácil, no meio de tantos e tão absolutamente graves problemas, ter disposição para andar de bicicleta pelas ruas de Brasília, acompanhada de seguranças e de um personal trainer. (Fonte Brasil 247)
Uma quitanda como a nossa, claro está, não precisa de gerentes.
Este artigo foi originalmente publicado no Blog do Noblat, em 12/6/2015.
Quitanda não tem piloto automático, o BRASIL voando através de piloto automático, se cair a caixa preta nunca será encontrada, se encontrada nada vai revelar. Os desastres nunca foram convenientemente explicados, Sarney, Color, FHC, LULA, Dilma somaram 25 anos de voos cegos, sem destinos e feitos através do piloto automático chamado de POVO. Estamos no ar em céu de brigadeiro. Se tudo correr bem e a primeira classe só bater panelas, vamos pousar democraticamente e trocar o piloto em 2018. Resta saber se o POVO terá uma terceira via de escolha ou será obrigado a escolher entre pilotos de brevets vencidos.