De todas as campanhas para eleições majoritárias que acompanhei, certamente esta foi a mais esdrúxula. Teve de tudo um pouco, menos informações pertinentes para o eleitor poder escolher, com segurança, em quem votar.
Se você é daqueles que sabe que seu voto tem o mesmo peso de todos os votos, há de se ter perguntado: “por que vou votar em quem vou votar?”.
Se for daqueles que vota às cegas, vota porque simpatiza, vota porque ama um candidato ou vota em um porque detesta os outros, bem, aí concluo que você é dos que acredita que a Mãe Diná trará seu amado de volta…
Mas se você se fez a pergunta-chave e quer ter certeza que escolheu com a razão e não com o coração, meu amigo, você está a perigo.
O ‘marketing’, um dos males da vida política moderna, leva o eleitor a um apagão mental. Não vota no candidato, mas em seu marqueteiro. Não avalia seus feitos, mas a descrição tal qual mostrada pelos assessores de imprensa. Quer dizer, o eleitor desinformado ou o eleitor que só aprendeu a desenhar o nome acaba por votar na imagem que lhe foi vendida pela equipe do candidato.
Três candidatos disputam o Planalto: Dilma, a que está no poder porque um dia apareceu com um laptop cheio de números e planilhas e esquemas, o que embasbacou o ex-presidente Lula; Marina, a amiga fraterna de Lula, alçada a candidata por uma triste fatalidade; e o neto de Tancredo, Aécio, que, a meu ver, só deixou esse papel e assumiu o de líder da oposição no último domingo.
Os números e as mentiras voam nos púlpitos com a maior singeleza. Quem é o eleitor para refutá-los? Ouve calado, engole em seco e espera o noticiário do dia seguinte, onde lerá que isso ou aquilo não era verdade, mas aí o candidato já está em outra.
O que assistimos durante a campanha foi uma série de ataques pessoais que não levam a nada e que, além de não orientar os milhões de eleitores, deseducam e desapontam aqueles que tinham esperança de um novo governo que ao menos tirasse o Brasil da beira do penhasco.
Em vez de Carta ao Povo, ou Programa de Governo, o mais importante era que fôssemos formalmente informados sobre quem seriam os ministros da Justiça, da Saúde, da Educação, da Fazenda, das Relações Exteriores, da Cultura… Em documentos assinados pelo candidato e seus futuros ministros.
Ninguém governa um gigante sozinho.
Será que no segundo turno seremos levados mais a sério? É a minha torcida.
Este artigo foi originalmente publicado no Blog do Noblat, em 3/10/2014.
Concordo com você, a reforma política permitiria que houvesse uma maior participação popular. O voto obrigatório nos condiciona a menos pior.