Um homem de branco passou por aqui falando manso ao coração de todos. Quando verdades e palavras justas são ditas não é preciso levantar a voz, pois todos os que desejam entender entenderão. Os ouvidos estiveram atentos durante a semana e espero que continuem por todo o tempo.
Ele não gosta de jovens que não protestam, moderação é atitude de gente experiente, que não tem mais razão para errar, já teve tempo de aprender as complexidades da vida.
Tão simples as coisas que diz, quase óbvias, mas a simplicidade vem do conhecimento, não fosse ele um jesuíta. Existem crianças sem alimento, sem saúde e educação? Não importa se quem vai sanar essas impropriedades seja um católico, um protestante, um muçulmano, um umbandistas, um espírita, um judeu ou um ateu. A ação e o fato valem mais do que a seita ou a ideologia.
As idéias diferentes circulam e devem ser aceitas. Porque ranger os dedos de ódio diante de uma opinião oposta à nossa, de uma maneira de ser que não prejudica ninguém mas faz parte da existência de tantos? Não perco nada se alguém tem uma opção sexual diversa da minha. Que todos tenham a liberdade de ser o que são. Temos todos o direito de sermos felizes.
“Com a razão nunca entendi, com o coração menos então” diz uma canção que escrevi, com meu parceiro e sobrinho Robertinho Brant, a respeito de todo tipo de preconceito. Não consigo entender o motivo de homens se acharem melhores (e com mais direitos) do que as mulheres. A cor da pele não torna ninguém superior a outra pessoa, e este é um sentimento que trago desde criança. É preciso ainda repetir, até hoje, que somos uma raça única, a humana, e que viemos do mesmo berço? E educação, e não dinheiro, é que qualifica?
O homem simples e de branco, com sua fala que todos entendiam, com a serenidade de pastor, realçou o respeito e a proteção que devem ser dados aos jovens e aos idosos. A máquina do mundo da economia global anda a retirar o trabalho da juventude e a condenar à exclusão os mais velhos. Como permitir que os que serão o futuro sejam afastados da convivência com os que lhes podem passar seus conhecimentos?
Foi uma semana de povo, de jovens na rua. As palavras mais ouvidas: solidariedade, justiça, igualdade, fraternidade. São conceitos que não têm dono. Se o sentido de religião é ligar, atar, que todos os brasileiros abracem esses sentimentos, os que professem crenças ou não. As sandálias da humildade que o homem de branco nos trouxe servem a todos nós.
Vamos calçá-las.
Esta crônica foi originalmente publicada no Estado de Minas, em julho de 2013.
Para calçar sandálias da humildade precisamos de atitudes diárias de cooperação e fraternidade.
A SMJ no Rio em paz e ordeiro mostrou que podemos conviver sem os preconceitos, sendo solidários.
Maravilhosa a atitude dos humildes porteiros dos prédios e condomínios de Copacabana que cederam os banheiros das portarias aos peregrinos que foram externar sua fé e ouvir o homem de branco.
O Rio foi razão e coração!