O bandeirão dos EUA estendido pelos bolsonaristas na Avenida Paulista no 7 de setembro passou dos limites da sanidade. Até o suposto pastor Malafaia, que bate recordes no quesito equilíbrio mental, ficou escandalizado.
O que fazer com essa gente?
Antes de responder, quero dizer que a culpa não é do Lula nem do PT. Digo isso porque tem gente dizendo que foi, inclusive o próprio malaco Malafaia. Seu escândalo foi só na hora que viu o troço. O chilique durou pouco. Logo depois veio com a historinha de que o bandeirão pode ter sido uma armação… da esquerda!
Voltou ao normal, né? Mas ele me surpreendeu também com a explicação alternativa que ele mesmo deu ao fato, após raciocinar um pouco. Disse que pode ter sido coisa de maluco bolsonarista sem noção.
Acertou em cheio! Finalmente, posso concordar com o suposto pastor. Mas não foi “um” maluco. Foram muitos. Uma andorinha só não faz verão. Faço umas continhas.
Quantos metros quadrados tinha o bandeirão? Acho que, por baixo, uns 100m2. Daí pra cima. E quantos malucos bolsonaristas seriam necessários para desfraldar o pavilhão americano? Pelo menos 20 de cada lado, vezes 4 dá 80. Fora o pessoal que ficou embaixo do bandeirão, segurando o troço. Chuto mais 100, por baixo.
Portanto, no mínimo uns 180 malucos. Fora outros tantos que fizeram o bandeirão, porque um troço daquele tamanho não tem para comprar no camelô da esquina. Tem que fazer em casa, costurando pedaço por pedaço. Depois tem que pintar, botar todas as cores e as estrelas. Eles devem ter ficado a semana inteira fazendo aquilo.
Acho que no planejamento e na confecção tinha mais gente que numa igreja do Malafa. E se esse movimento pela libertação dos oprimidos do STF tem uma liderança, ela devia estar sabendo o que faziam.
Não foi coisa de meia dúzia de malucos. Mas de muitos. E tinha um chefe. Se não foi o Malafa, quem foi?
Acho que nunca vamos saber, a não ser que o maluco apareça e assuma a autoria. Porque nessas horas, em que o mau cheiro fede pelos cantos, todos desaparecem como ratos que abandonam o navio no naufrágio.
Acho, também, que o castigo para os malucos é a reabilitação dos manicômios. Não sei como e por quê resolveram acabar com eles. Prestavam um serviço valioso à sociedade, num trabalho edificante de recuperação dos recuperáveis. Não esquecer que Van Gogh era louco de pedra e havia mais jóias nos manicômios do que pensava nossa vã filosofia.
Ao cerrarem as portas dos hospícios, quantos gênios da raça não estamos perdendo? Tive um amigo, dono de talentos inimagináveis, que pressentia um acesso de loucura próximo e, por precaução, procurava o manicômio para se internar.
Talvez entre os malucos de ontem haja um gênio oculto. Nunca vamos saber. Mas por via das dúvidas, a internação seria o melhor caminho.
Pelo menos nos livraria de um vexame internacional como o deste 7 de setembro.
Nelson Merlin é jornalista aposentado e boquiaberto com certas coisas que acontecem no cenário nacional.
8/9/2025
A foto é de Eduardo Knapp/Folhapress.

