Minha opinião: foi muito, muito, muito importante o 21/9, o dia de manifestações em 22 capitais contra a PEC da Bandidagem e o PL da Anistia.
É inegável, indiscutível: foi um grande sucesso.
Não importa se a medição do Monitor da USP do Pablo Ortellado deu que eram 42,3 mil na Avenida Paulista, 41,8 na Avenida Atlântica. Claro que cada um de nós que esteve na Paulista, assim como cada um que esteve no Posto 5, tem a absoluta certeza de que era muito, mas muito, mas muito mais gente – mas o número do Monitor da USP não importa muito.
O que importa é que era gente pra cacete. Gente pra dedéu.
E, como várias pessoas lembraram hoje, Ulysses Guimarães dizia, com aquela sabedoria dele, que “a única coisa que mete medo em político é povo na rua”.
E há uma característica que importa mais ainda do que o fato de que o povo estava na rua dizendo não à PEC da Bandidagem e ao PL da Anistia.
O povo foi às ruas porque quis – não porque teve partido político, sindicato e igreja pedindo, insistindo, exigindo.
O povo foi às ruas por pura indignação.
Pura, maravilhosa, bem-vinda, bem-aventurada, santa indignação.
As pessoas explodiram de indignação nas redes sociais, a partir da manhã da quarta-feira, 17/9, com a notícia de que os deputados haviam jogado no lixo todo e qualquer resquício de vergonha na cara e aprovado a toque de caixa a PEC da Bandidagem.
Foi muito, mas muito impressionante: as pessoas danaram a demonstrar sua indignação a partir daquela manhã, e não pararam mais. Antes mesmo que os partidos de esquerda, as centrais sindicais começassem a pedir manifestações de rua, antes mesmo que todos os analistas políticos e colunistas do país terminassem de escrever suas análises, as pessoas comuns, os Zé da Silva, as Maria da Conceição, os Joe Doe (como eles dizem lá naquele país que já foi a maior democracia do planeta) já estavam berrando a sua indignação.
Foram as pessoas simples, as pessoas comuns, os eleitores, os pagadores de impostos – nós, o povo! – que resolveram fazer as manifestações deste domingo glorioso.
Os partidos, os movimentos sociais, as centrais sindicais, e mesmo os grandes artistas – maravilhosos, maravilhosos artistas – vieram depois que o povo resolveu se manifestar. Foram e são muito bem-vindos, claro, mas é necessário registrar: primeiro foi o povo, depois vieram eles.
Os senhores congressistas deveriam refletir bastante sobre isso.
Povo na rua porque quis ir pra rua, não porque foi convidado, chamado, adulado, até pago… Ah , meu, isso aí é pra meter muito, mas muito medo. (Sérgio Vaz)
A foto da Praia de Copacabana é de Júlia Aguiar / Agência O Globo. A da Avenida Paulista é de Edi Sousa/Ato Press/Agência O Globo.


