Paz sem garantias e assinatura das partes em conflito não é paz. É um arranjo para dar a aparência de cessar fogo, que pode acabar a qualquer momento ou desarranjo entre as partes.
Este já está posto: o Hamas diz que a entrega das armas está fora de cogitação e o governo de ultradireita em Israel já disse que não haverá paz sem a total aniquilação do Hamas.
Para o cumprimento do propósito de Israel não há pré condições. O Hamas tem que ser destruído a qualquer preço, como deixou claro nos últimos dois anos de bombardeios incessantes sobre Gaza. Mesmo que o preço a pagar sejam 40 mil crianças mortas ou mutiladas, do total de 67 mil palestinos mortos. Mesmo que Israel passe para a história como o autor de um dos maiores genocídios executados após a Segunda Guerra Mundial, durante a qual o povo judeu da Europa Central foi alvo do igualmente deplorável genocídio nazista, agora reeditado pelo ódio dos judeus supremacistas brancos aos judeus morenos e indefesos da Palestina, enxotados para o sul para que Israel florescesse ao norte.
Não esquecer que os palestinos são tão semitas quanto seus carrascos. Certa época, judeus se notabilizavam por jamais matarem judeus. Isto virou lenda após os sucessivos massacres que cometeram na Palestina, na segunda metade do século XX e no primeiro quarto deste XXI.
Enquanto escrevo, Israel retoma o bloqueio aos caminhões de ajuda humanitária no sul da Faixa de Gaza. A razão alegada é que o Hamas não entregou todos os corpos dos reféns que morreram no cativeiro, sob o bombardeio israelense. Como se fosse trivial recuperar corpos sepultados debaixo dos escombros a que ficou reduzida a Faixa de Gaza.
Israel notabilizou-se, neste último conflito, por assassinar a tiros palestinos famintos nas filas de acesso aos pontos de distribuição de alimentos organizados pela ONU e entidades humanitárias. Espera-se que, nesta trégua, suspenda esse tipo de crime hediondo, entre os muitos de tal gravidade que cometeu para vingar os atos de terrorismo do Hamas na noite do ataque vil em outubro de 2023.
Israel e Hamas se equivalem em crueldade e crimes de guerra, o primeiro mais que o segundo pela disparidade de armas e a intensidade das atrocidades.
Ambos deveriam sofrer as mais duras punições da comunidade internacional e seus órgãos judiciais. Israel pelo extermínio de crianças, mulheres e idosos inocentes; o Hamas e apoiadores por seu desvario contra jovens e colonos judeus desarmados na noite do ataque covarde, injustificável, hediondo e irresponsável, dois anos atrás.
Somente a Justiça pode aplacar a ira do mundo contra o terrorismo da ultradireita israelense e a boçalidade de sua contraparte islâmica.
Que tenham a condenação que merecem.
Nelson Merlin é jornalista aposentado e indignado com a brutalidade a que podem chegar extremistas judeus e muçulmanos.
14/10/2025
