Os maiorais

A Constituição de 1988 diz que todos são iguais perante a lei. Mas o Congresso Nacional, por maioria, pensa diferente. O mandamento supremo vale somente para os comuns mortais, que acreditam em histórias da Carochinha. Para os maiorais, a lei é outra. 

Vamos por partes. 

1. Presidente da República e seus generais e comparsas civis podem dar golpe de estado que, se falhar, rende somente 2 anos e meio de tranca fechada. Após esse prazo, vão para o semiaberto, que é para tentarem de novo e deixarem de ser burros e incompetentes da próxima vez.

Isto a Câmara Federal decidiu esta madrugada, ao aprovar, por 291 a 148 votos, projeto de lei feito por encomenda para beneficiar o golpista soluçante que cumpre pena de 27 anos em cela de estado-maior na Polícia Federal e só iria para o semiaberto em 7 anos e meio. A aberração ainda tem que ser votada no Senado, onde Espiridião Amin foi escolhido por Alcolumbre como relator (!). Podia ter escolhido pelo menos alguém independente, mas bolsonarista disfarçado é e será sempre um farsante bolsonarista. 

Continuemos. 

2. Deputado pode ser bandido ou condenado, não importa, está livre para cometer crimes e continuar no trono, votando e recebendo salário, o qual só é suspenso se o STF mandar não pagar. 

Isto a Câmara Federal ainda não fixou em lei, mas pratica como se fosse, porque a Casa pode tudo em favor dos seus, ora representados por Dudu Bananinha, Alex Ramagem, a sra Zambellita e outros que fazem da Casa a casa da sogra. 

3. Terras que grileiros, garimpeiros, madeireiros, fazendeiros, pecuaristas e quejandos tomaram dos indígenas e ocupavam até a data de promulgação da Constituição de 1988 não é mais deles. É dos ladrões!! Simples assim! 

Isto foi o Senado, último baluarte da democracia e da sanidade, que decidiu ontem também, em descarada afronta à Suprema Corte, que dois anos atrás julgou  inconstitucional a tese do marco temporal — maracutaia criada pelos larápios para tungar os povos originários. 

4. Os atos praticados são um recado claro e direto ao STF para que não se meta a vigiar as picaretagens das emendas parlamentares nem ditar regras para moralizar o impeachment dos bacanas. Toda essa imundície é prerrogativa exclusiva do Parlamento, que não vive sem ela. 

A noite de horrores desta madrugada, 10/12/2025, é para ficar nos anais do Congresso, com direito a certificado de defecação coletiva sobre as páginas da Constituição de 88. 

 Rogo que os 291 retratinhos dos deputados golpistas e os 52  retratinhos dos senadores tunguistas  (lá foram 15 contra a ladroagem) sejam fartamente publicados na imprensa e nos portais de notícias digitais, para que cidadãos e cidadãs de bem, que são a maioria, não sejam tontos de novo e votem neles outra vez. 

Nelson Merlin é jornalista aposentado e horrorizado com a desfaçatez dos maiorais.

10/12/2025

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