Uma vez os subversivos éramos nós, porque queríamos restabelecer a democracia derrubada por um golpe militar. Hoje, os subversivos são eles, os golpistas, por tentarem restabelecer uma ditadura no Brasil após 40 anos da redemocratização.
Os tempos mudaram, as trincheiras também. Hoje, o STF está conosco, a favor da democracia, e contra nós está o Congresso Nacional, de maioria golpista. A bem da verdade, esse, dominado então pela Arena — o partido político dos militares de 64 — também era golpista e contra nós, mas tínhamos lá o MDB, que nos representava e ganhava eleições a rodo na década de 70.
Hoje, não temos o velho MDB de guerra, mas temos a nossa voz, a nossa força.
Antes, o Exército inteiro era contra nós, junto com a Marinha e a Aeronáutica. Hoje, o Exército e a Aeronáutica estiveram do nosso lado e nos livraram do novo golpe. Até o STM, o Superior Tribunal Militar, que nos condenava, está a nosso favor.
A imprensa, que era contra nós, hoje está do nosso lado.
Até quando isso vai durar, só Deus sabe. Mas nós temos a responsabilidade de fazer perdurar. Domingo poderemos ir livremente às ruas para defender nossa democracia, ameaçada agora por outra tentativa de golpe pela direita miliciana que a velha guarda militar montou na Casa do Povo.
Uma, não. Duas. A PEC da Bandidagem e a anistia velhaca e inconstitucional, que agora, ante a impossibilidade legal, pretendem remodelar para reduzir as cinco penas do chefe do bando criminoso.
Na década de 60 do século passado, íamos às ruas protestar debaixo de porretadas, tanques e fuzis. Hoje, no que eles chamam de ditadura, vamos às ruas para detonar pacificamente, mas firmemente, duas novas tentativas de golpe contra nossa democracia.
Mal saímos de uma, já temos duas para enfrentar e, com o nosso esforço e a nossa presença, derrotar mais uma vez as forças do retrocesso, do atraso e do crime.
A lei e a ordem estão conosco. A subversão é deles e precisa ser esmagada com a força que temos de 40 anos de democracia reconquistada a duras penas e que jamais podemos perder.
Nelson Merlin é jornalista aposentado e cheio de esperanças na força da democracia e das instituições.
19/9/2025
