A rotina do ser humano tem ficado cada vez mais comum.
Vamos lá, a Medicina é tratada como ciência, mas na verdade é um jogo de erros e acertos. A parte dos acertos é bem menor, convenhamos.
Se um remédio lhe cura de uma coisa, acaba gerando outro problema.
Na verdade, o remédio não cura. O remédio apenas remedia.
Acompanhe a cronologia dos fatos. Se o camarada toma um porre para curar um chifre, depois tem que tomar um analgésico para curar a dor de cabeça, depois tomar um café forte para tirar a moleza do analgésico, depois um antiácido para tirar a dor de estômago do café e vai assim até chegar na unha do dedinho e não ter mais cura.
O correto é curar a causa, no caso o chifre.
Nunca gostei de ir a médicos, nem daquelas salas de espera que mantem aquele famoso quadro da enfermeira Celina Camargo, com o dedo indicador nos lábios e os dizeres, Psiu Silêncio!
Essas salas são terríveis, um antro de bactérias e vírus. Ninguém ali é “do bem”, todos estão mal.
Na infância eu ficava quietinho, mas pensativo, observando o povo e avaliando um por um.
Começava pela atendente atras daquela mesinha. Imagine o tanto de veneno que ela carrega nas artérias fungando nessa salinha abafada. Precisa ter DNA de tubarão para se manter viva nessa fauna.
Vish…esse cara está muito vermelho, deve ser sarampo, catapora ou faz apneia.
Aquele outro está muito careca. Bom, sorte dele, não vai precisar de Barbeiros.
O japonês entrou mancando, será que tem uma perna mais curta que a outra ou uma mais comprida que a outra? Pode ter pisado em um prego ou andou usando um Kichute apertado? vai saber …
Aquela moça do gogó pontudo não está com boa aparência, aparenta que teve caxumba e desceu.
Este ultimo no canto, está muito fraco e pálido, talvez seja hepatite Z ? deixa comigo, em um final de semana eu recauchuto ele com minha alimentação regrada. Apresento o X-tudão com 2 pães e uma Fanta uva do carrinho do Irley. A glicose dele vai a 370. Ele volta trapezista.
Aquilo era uma loucura, assistir o Irley fazendo aqueles sandubas no carrinho dele na praia, era um fumacê, uma gororoba escorregadia, fora o cheiro que ficava na roupa depois. Só saia incinerando.
Por tudo, isso aprendi a não ficar doente e quando ficava, utilizava minhas próprias técnicas de solução.
Por exemplo: Para uma gripe leve, tomava uma pinga com bastante limão espremido e saia para correr no museu do Ipiranga. Suava toda a gripe.
Para uma gripe media, tomava um limão espremido e o dobro da pinga. Suava até a alma.
Já em uma gripe forte, eu dobrava o procedimento da gripe media. Acabava tão inconveniente que nem a gripe conseguia ficar comigo.
Infelizmente meus estudos com Cebion efervescente diluído em vodca não teve o resultado esperado. Trazia um estranho efeito colateral. Disposição em excesso. Você começava a correr na terça e parava no domingo.
Não quero me gabar, mas acredito que o filme Forrest Gump foi baseado na minha experiencia. O invento seria um sucesso de vendas e eu me tornaria presidente de laboratório.
Para falta de apetite eu não tomava nada, nunca senti esse sintoma, apenas comia.
Para mal hálito, escovava os dentes.
Para falta de educação eu procurava falar o menos possível.
Para cabelos ressecados do mar eu pouco me importava, nem vou mexer com isso. Quem procura acha.
Para cortes feitos no mar por quilhas, cobria a ferida com um pedaço de parafina mastigada. Os micróbios fugiam da minha saliva.
*Apenas um esclarecimento, pois ninguém é obrigado a saber. Qualquer corte feito dentro do mar leva uma infinidade de tempo para cicatrizar, não me pergunte por quê.
E assim notei que havia desenvolvido uma nova, própria e eficaz medicina.
Até hoje me pergunto: por que a Academia de Ciências de Bruxelas nunca publicou meus estudos em seu anuário?
Afinal eu tinha background, minha mãe uma vez deu meio Melhoral infantil para uma galinha que estava morrendo e salvou a bichinha.
Um cliente que atendi, especializado em suturar artérias, durante uma cirurgia e quase perdendo o paciente, ele recorreu a cola Super Bonder e salvou o cara.
Ainda no tema melhores inventos, no bairro onde fui criado, tinha o Doutor Fritz, que operava gratuitamente em um galpão abandonado pela massa falida da Usina Santa Olimpia.
Sua técnica consistia em enfiar uma tesoura no paciente e dar uma giradas com força. Aquela tesoura entrava e saída na moçada sem nenhuma higiene ou desratização.
Dizia que era orientado espiritualmente. Só se for espirito de porco. Ele transformou a Teosofia em Tesourafia.
Detalhe importante a ser lembrado é que sua técnica apenas utilizava os “orifícios naturais” do corpo humano.
Não é interessante?
Hoje temos uma onda forte de veganos e orgânicos, gente a procura de onde gastar o dinheiro acumulado, mas nos anos 80 também tivemos nossa fase freak.
Fora as botinhas de camurça London Fog, os discos do Dylan e dos cigarros feitos a mão, frequentávamos uma loja chamada Alternativa que engolia nossa grana com todos esses itens para quem acredita que a cegonha é mãe do Pinóquio, mas não percebe que o Pluto é filho da Pluta.
Abusávamos do energético guara-cola, das folhas de algas marinhas, do fucus vesiculosus, da própolis diluída a 30% em álcool de cereais, do anis estrelado e das palmilhas Magna com imãs.
Essa palmilha não mudou minha vida, exceto pelo chulé que deixou nos meus tênis Reebok.
Quando garoto eu vivia com sinusite, pois sempre gostei de piscina, mar e água gelada em geral. Piscina aquecida eu passo longe.
Fui a uns 500 médicos. Uma vez me receitaram um troço chamado Sinutab do laboratório Parke Davis. Tomei um pileque disso que nem conseguia andar.
Minha mãe me viu cambaleando no corredor e falou: -agora chega, vou te levar na farmácia homeopática.
Pensei: -vou conhecer mais um que se veste de branco, não sabe nada e novamente virar cobaia.
Onde é? Não quero ir.
É na Praça da Sé.
Só vou se passarmos na pastelaria Modelo para tomar caldo de cana e comer pastel.
Essa pastelaria tinha um pastel com massa crocante cheia de bolhinhas por fora, frito em um óleo claro. Bem diferente do Bardahl b12 da feira.
O de queijo branco era dupiru. O caldo de cana era clarinho, triplamente filtrado e servido em um cone de papel descartável. A jarra ia e voltava até o balcão acompanhada por dezenas abelhas adestradas. Não atacavam ninguém.
E lá fomos nós, ao chegar na tal farmácia, pegamos uma senha. Tinha uma pequena fila de desenganados e logo me chamaram.
Fábio Dí Dominíco (é assim que me chamaram 90% da minha vida) afinal, ninguém consegue ler quatro sílabas nessa terra. Até na missa do meu tio o padre leu assim.
*Em 60 anos de vida confesso que pouquíssimos conseguiram ler meu nome corretamente. Imagine se eu fosse alemão.
Um cara com pinta de curandeiro, braços peludos, jaleco branco e que falava manso, me fez algumas perguntas cientificas.
Muito bem, Fábio, o que lhe trouxe aqui?
Foi de nadar em água gelada, sinto que minha cabeça parece uma caixa de sapatos e está pesando uns 40 quilos.
Ótima explicação, ok, vamos dar um jeito nisso.
Para qual time você torce? Já foi rebaixado para 2ª divisão? Ainda não? Quando foi sua ultima regra? Prefere loiras ou morenos? Faz uso de havaianas com meias? Faz xixi sentado? É leitor da revista Sétimo Céu? Já cuspiu quadrado?
Ah… você está ótimo, vai tomar 3 bolinhas dessa a cada 2 horas e 2 dessa outra aqui a cada hora.
Por quanto tempo?
No mínimo por 3 meses.
Kct! vou ter que dormir de relógio?
SIM e se tiver um pijama com bolso é bem vindo para guardar os comprimidos.
Pijama com bolso!? Esse tema me assombra, tá brincandooo!
No final das contas me curei e gostei da Pajelança, era uma espécie de João de Deus, só que sem penetração.
Mas você deve estar se perguntando onde está a parte do Corpo e Mente?
Eu ia apenas explicar que nesses sites de relacionamentos, o pessoal coloca a foto com um corpo e, quando de fato você encontra a pessoa ao vivo, descobre que ela mente.
Saúde a todos!!
Novembro de 2025

Dr. Fábio Boa tarde!!…
Seu texto traz lembranças que soam como um bálsamo Dr…
Parabéns meu amigo… seu texto me curou de uma quarta-feira modorrenta… voltando de exames médicos… E nem doeu kkkk
Ótimo FDS
Fábio querido !
Rindo muito ….
Sua vivência com a medicina acho q não cura
Mas, rir de sua visão peculiar, certamente nos faz sentir muito bem !
Obrigada por mais esse presente!
Bjs
Grande Fábio,
Você é fera meu AMIGO …
Que talento … aliás quantos vc tem ?
Parabéns,
Continue …
Abraços
Olá Fábio
Bem interessante sua descrição da sala de espera nos consultórios.
Também me questiono sobre o ar que respiramos aí kkkkk
Fabinho, acredito que as atendentes criavam anti corpos no segundo dia de trabalho kkkkkkkk, só acho. Abração migo.
FABIO QUERIDO, COMO É SEMPRE FALADO QUE RIR É O MELHOR REMEDIO. daí eu aproveitar seus ótimos textos para indicar como remedio aos amigos que estão precisando de tratamento.
MAS, falando da crônica mais seriamente. Como sempre, é muito coerente, e fala de tudo mesmo que deparamos nessas ocasiões. NAO é fácil escrever , nos mínimos detalhes como faz porque precisa ter uma observação penetrante, farta e abundante. Agradeca a Deus essa qualidade que é uma benção especial.
PARABENS!!!! E JA DIGO, QUE FICO NO AGUARDO DA PROXIMA CRONICA EM BREVE.
Fabio, você é o melhor. Ficamos aguardando os próximos textos. Você se supera, parabéns!!!
Essa é mais uma pérola literária que você nos presenteia, obrigado meu amigo!
Hello Dedo…. Ahahah demorou mas consegui ter um tempo para ler e vivenciar o texto.. concordo plenamente com todos os comentários, pois vc está cada vez melhor, ou sempre superando as expectativas.. o legal é ter presenciado alguns momentos relatados nos textos. a sensação de realidade surreal é impressionante.