Quem diria que um dia um topetudo americano viria meter o nariz na nossa mais famosa rua de compras localizada no Centro Velho de São Paulo?
Pois até essa ouvimos esta semana. A conhecidíssima Rua 25 de Março está sendo alvo de investigações americanas comandadas pelo maluco alaranjado que se acha dono do mundo.
Com base na Seção 301 da Lei do Comércio de lá, o governo americano, sob a batuta do tresloucado maestro Donald Trump, abriu uma investigação para saber se algumas práticas brasileiras poderiam, de alguma maneira, estar prejudicando ou restringindo o comércio americano. Entre os itens a serem investigados estão o Pix e a famosa rua de comércio popular 25 de Março, muito frequentada e que tem muita história.
Até começo do século XX essa área era tomada pelo rio Tamanduateí, à época navegável, com direito a porto e tudo (Porto Geral). Depois seu curso foi desviado mais para o leste até desaguar no rio Anhangabaú. Para que o lugar não perdesse a memória, a ladeira mais íngreme e mais famosa da região ganhou o nome de Ladeira Porto Geral, e ladeira abaixo ficava a “Rua de Baixo”, que acabou ganhando o nome de 25 de Março em 1865, em referência à assinatura da primeira Constituição do Brasil (25 de março de 1824).
Esse Porto foi a porta de entrada de muitos imigrantes do Oriente Médio, que logo que desembarcaram começaram a abrir suas “ludjinhas”, e de lá pra cá o comércio não parou de crescer. Expandiu-se pelas ruas adjacentes e hoje recebe dezenas de milhares de visitantes diariamente, que vão em busca dos mais variados artigos. Tem gente do país inteiro que vai lá encher suas sacolas para uso próprio ou para revenda, atraídos pelos preços bem mais em conta do que os praticados nos shoppings.
Tem contrabando? Tem falsificação? Tem! Mas onde não tem? Quem nunca comprou um tênis naique, um par de óculos Chanéu ou uma bolsa Luís Vintão made in China em algum canto do mundo? (Se não comprou, ficou tentado a comprar, podem confessar.) Mas daí a querer se intrometer com o comércio honesto que predomina na região já é coisa de maluco mesmo. Ou de sanofabitiche.
Pô, cara, pára de implicar com o Brasil! Não tem mais nada pra fazer, não?
A impressão que dá é que Trump acorda e, antes mesmo de esvaziar seu cérebro no banheiro, fica maquinando a idiotice do dia pra causar espécie.
E o nosso Pix? Vai querer dar pitaco nele também? Vai. Mas aí já dá até pra entender o porquê. Vai que a moda se espalhe e as bandeiras dos cartões americanos passem a ficar a meio pau pelo mundo, né? Maior preju!
Nem vem que não tem, Laranjão! Brasileiro não vive mais sem Pix. Essa ideia que partiu de uma equipe técnica do Banco Central em 2016 veio pra ficar. Em 2018 o BC iniciou o processo de criação da plataforma e em outubro de 2020 foi aberto o cadastramento das chaves e a testagem do sistema. Em novembro foi definitivamente ao ar.
Pegou de tal forma que nem a velha desculpa do “não tenho troco” para dar para o pedinte no semáforo funciona mais. Ele logo já vem com um “aceito Pix”!
Então, xô, Trump, ou Tramp, como já vem sendo adequadamente chamado por aí! Aqui ninguém precisa da sua interferência nem do seu ridículo boné (copiou, Tarcísio?). A 25 de Março já é Great por si só. E nosso Pix também!
Esta crônica foi originalmente publicada em O Boletim, em 18/7/2025.