Ladies and gentlemen, MonaLisa Twins! Benedetta Caretta!

Não tenho a menor, a mais mínima idéia de quem são e que tipo de música fazem E Filipe Ret, The Flight, Matuê, MC Cabelinho, Karol Conká, Teto, WIU, Budah, MC Hariel, Stacey Ryan, Joabe Reis, Victor Lou, Green Day. Bruce Dickinson, The Flight, CPM 22, Tihuana, Ready To Be Hated, The Mönic, Black Pantera, Punho de Mahin, MC Taya, Kamasi Washington, Cat Dealers, Jason Derulo, CeeLo Green, Pedro Sampaio, Duda Beat, TZ da Coronel, Alee, Brô MC’s, Kaê Guajajara, KayBlack…

Isso para mencionar só alguns dos artistas que vão se apresentar no The Town 2025, o Rock in Sampa, de 6 a 14 de setembro no Autódromo de Interlagos.

Mas posso dizer, com alguma segurança, que boa parte, talvez a imensa maior parte das 600 mil pessoas esperadas no monumental evento jamais ouviram falar das MonaLisa Twins, nem de Benedetta Caretta – e portanto estamos quites.

As MonaLisa Twins e Benedetta Caretta são novas, recentes descobertas deste idoso aqui, este dinossauro, mas tão dinossauro, que acompanhou o surgimento, a chegada em cena, a explosão de Joan Baez, Bob Dylan, Beatles, Chico, Caetano, Gil, Milton, Nara, Bethânia, Gal, para citar só uns poucos monstros sagrados que, neste 2025 em que multidões vão ouvir Travis Scott., Don Toliver, Burna Boy, Filipe Ret e etc e etc e tal em Interlagos, estão quase todos aí com seus oitentinha – e firmes e fortes.

Benedetta Caretta é italiana da região do Venetto, da classe de 1996. As irmãs gêmeas Mona Wagner e Lisa Wagner nasceram em 1994, em Viena, à beira do Danúbio Azul e dos bosques de que nos falava Johann Strauss. Entre o ano em que nasceram as MonaLisa Twins e o de Benedetta Caretta, minha filha fez 20 anos, linda como aquelas três, na verdade mais linda ainda; fazia Direito ali na PUC, e já namorava fazia algum tempinho o Carlos Bêla com quem nos daria de presente, a mim e à Mary, a neta mais linda e fofa que pode haver no mundo.

Ahn… Tergiversei um pouquinho, mas, diacho, isto aqui é suelto, e tergiversar não só é permitido como faz parte. O que eu queria, de qualquer forma, era realçar como são jovens essas três moças, Mona, Lisa e Benedetta.

A juventude tem muitas maravilhas – a força, o vigor das vontades, o gosto pela rebeldia, pela renovação, pela procura de um caminho diferente.

Hoje, tenho a absoluta certeza de que algumas das maiores maravilhas da juventude são ter a consciência de que o mundo não começou quando a gente nasceu, de que é preciso aprender com o que veio antes.

No Brasil, os grandes músicos sempre professaram o respeito pelos que os precederam. A bossa nova chegou deixando para trás a coisa tonitroante dos Vicente Celestino e afins – mas bebendo nos velhos Dorival Caymmi, Ary Barroso, Luiz Bonfá, Antônio Maria, Geraldo Pereira, Bide e Marçal, Haroldo Barbosa… O tropicalismo chegou como um passo adiante da bossa nova, com guitarra elétrica e som dissonante – mas o maior respeito pelos grandes do passado.

Mona e Lisa Wagner e Benedetta cantam as grandes canções dos anos 60, 70. Dos anos em que elas não eram ainda nascidas – como Nara, Bethânia e Gal sempre gravaram as maravilhas compostas nos anos 30. Exatamente da mesma maneira com que Joan Baez e Bob Dylan cantavam músicas trad de décadas e décadas antes de eles nascerem, ou as canções de Woody Guthrie escritas nos anos 30.

E não dá para deixar de lembrar como os franceses não param de reverenciar os que vieram antes… Sempre há jovens gravando as canções do repertório de Edith Piaf. (Até aqui neste país tão distante de França Cássia Eller gravou “Non, je ne regrette rien”…) E não dá para esquecer a reação maravilhosa do público quando Patrick Bruel canta a esplendorosa “Ma Plus Belle Histoire d’Amour c’est Vous”, de Barbara. Ou como fazem sucesso as regravações de canções de Jacques Brel, Gilbert Bécaud, Georges Moustaki.

Mona canta e toca violão, percussão, harmônica, flauta e acordeon. Lisa canta e toca violão, ukelele e cello. Cantam Beatles, muitas, muitas músicas dos Beatles, e mais Pink Floyd – a versão delas de “Wish You Were Here” é um encanto, uma maravilha -, Simon and Garfunkel, Donovan, Don McLean, Beach Boys. Só coisa boa, do melhor do folk e do pop dos anos 60 e 70.

Benedetta Caretta só canta – em geral acompanhada por um único músico. Um deles é o saxofonista Daniele Vitale, outro é o violonista Ricardo Bertuzzi, outro ainda é o violoncelista Marc-André. E a moça canta em inglês, francês e italiano, em um repertório que inclui Simon and Garfunkel, Leonard Cohen, Sting, Edith Piaf, R.E.M., Pink Floyd, Lucio Dalla, Ennio Morricone – sua gravação de um dos tremas de Era Uma Vez no Oeste, “Your Love”, é uma beleza. E os clipes dela têm uma interessante característica: são feitos ao ar livre, em belos lugares, lindas paisagens.

Aqui vão alguns acepipes das moças:

Falta muita coisa delas para eu ouvir. Assim, Travis Scott., Don Toliver, Burna Boy e os outros do The Town que me perdõem, mas não sobra tempo para ir atrás da música deles, não…

5 e 6/9/2025