Mudei minha percepção sobre o Inelegível e futuro presidiário. Ele pensa. Pensa muito. Pensa até demais. E escreve tudo o que pensa. Tudinho. Nem Mark Twain ou James Joyce escreveram tanto. E, depois de escrever, imprime e guarda numa gaveta. Ou no celular. Deixa tudo lá. Deve ser para a Polícia Federal não ter o trabalho de procurar. Gentileza.
Isto posto, quando descoberto, como agora, seu pedido de asilo ao Javier Milei, vêm seus brilhantes e caros adevogados dizer o indizível, explicar o inexplicável, imaginar o inimaginável. Eita turma boa.
Como se traduz o indizível? Assim: ele não quis escrever o que escreveu, foi sua mão boba que, de repente, teve a idéia de escrever e saiu escrevendo o que se passava na cabeça dela. Sim, dela, porque a mão dele pensa, pensa por conta própria, só falta andar pela casa, como o Mão da Família Addams.
A carta ao Milei era só um garrancho, uma hipótese, uma idéia mal pensada e logo descartada. Como a minuta do golpe — aquele que se não aconteceu, não existe! Mas, por via das dúvidas — sempre aparece uma dúvida na hora H —, ficou guardada no celular. Quer dizer, a carta foi sozinha pra dentro do celular, já que também é dotada do mesmo estranho poder do Mão que a escreveu, o de pensar por conta própria e andar pela casa, até se acomodar em alguma caixinha.
Xandão deu 48 horas para os adevogados explicarem o fenômeno. Acho muito, pois escrevi estas mal traçadas em menos de 5 minutos, pensando em todas as hipóteses possíveis de como, ó raios, essa carta foi parar dentro do celular depois de deletada, descartada, amassada, pisoteada e jogada na lixeira como um traste inservível.
Que mania eles têm de produzir provas contra si mesmos e, depois, explicar o que não tem explicação! Não era mais fácil deixar de pensar besteira e encarar a dura realidade de peito aberto, como o Superman? Adevogados têm que cobrar caro mesmo. Eles são o máximo.
Na próxima encarnação vou pedir para nascer adevogado. Jornalista, de novo, jamais! Na próxima, São Pedro não me pega!
Nelson Merlin é jornalista aposentado e crente em outras vidas, não nesta! Continuo sem acreditar no que vejo.
21/8/2025