Furdunço

 Gostoso de ver como os chefes da direita antidemocrática brasileira estão se empenhando para escapar da pecha de capachos de um psicopata à frente do decadente império norte-americano, outrora a maior nação democrática do hemisfério ocidental. 

Nem na ditadura militar de 64-85 os milicos foram tão sabujos e entreguistas. Havia uma forte corrente nacionalista nas Forças Armadas que freava os americanófilos mais radicais. 

A direita de hoje não tem esse freio — muito pelo contrário — e nem mesmo aquele nacionalismo, que agora só aparece por conveniência. Um exemplo foi a defesa da soberania  sobre a Amazônia no início do último governo, quando era forte a pressão internacional contra as queimadas, o desmatamento, o contrabando de madeira para os EUA e Europa, o garimpo ilegal e o abandono genocida das populações indígenas. 

A bandeira nacionalista ressurgiu apenas para manter-se como escudo da destruição da floresta e das atividades do crime organizado em toda a região. O governo da ocasião foi cúmplice direto da ampla gama de crimes cometidos. 

Para isso serviu o nacionalismo herdado dos golpistas de 64 e ressignificado pela direita mais indecente surgida após a ditadura. 

Agora, essa direita se engalfinha dividida em três correntes. 

Uma de apoio à vassalagem explícita ao inquilino da Casa Branca como condição para obter a anistia ampla, geral e irrestrita aos golpistas de 8/1 e seus mentores, organizadores e executores. É liderada pela famiglia Bolsonaro unida para não ser vencida. No imaginário deles, uma vez firmada a vassalagem — i.é, a aceitação pura e simples da extorsão tarifária dos EUA contra o Brasil —, o Superman terá cumprido sua missão em socorro às vítimas de um Estado democrático de direito ao Sul do Equador, que ousa punir crimes antidemocráticos definidos em lei. 

Todos estarão livres, os processos na lata de lixo, os malfeitos esquecidos e a normalidade finalmente restabelecida pela mão salvadora do grande irmão do Norte. 

 Não vai colar. 

 Outra corrente bate de frente com essa em um só aspecto: na defesa da negociação de uma “taxinha” menor que reduza os danos à indústria e ao agro de São Paulo e outros estados exportadores de manufaturas e commodities aos EUA governados pela extrema direita. São vistos como traidores pela primeira corrente, pois a ordem é bater-se pela anistia e não pelo desconto, que esvazia aquela. 

Nessa banda se aglutinam os industriais e os donos do agronegócio, que admitem até perder 10% na competitividade, mas nunca 50 ou mais! O Jair Messias, ora vejam, não vale o prejuízo! 

Uma terceira corrente não fede nem cheira mas é numerosa, composta por baratas-tontas que foram pegas de surpresa pela nova cartada do agente laranja. Entre elas incluem-se os governadores bolsonaristas do Rio de Janeiro, Minas Gerais, Paraná, Santa Catarina, Mato Grosso, Goiás, etc, que não abriram a boca ante os fatos porque não sabem o que dizer. Um e outro até abriu, para falar besteiras e depois tentar consertar, creio que sem sucesso. Propõem enfiar a cabeça no chão e esperar que a ventania passe, mas isso isola e desidrata o movimento das duas primeiras, que precisam engrossar para terem o sucesso desejado. Ambas taxam os “quietinhos” de traíras. 

O “pega” sensacional é entre o Bananinha na linha de frente de uma e o governador carioca de São Paulo no comando da outra frente. Logo os dois que eram para ser cabeça-de-chapa e vice na eleição de 2026. Coisas da vida! 

Acho que com Mischeck o Tarcísio não vai, embora ela possa trazer mais votos que o Bananinha após o estrago que o agente laranja fez junto com o enteado dela. Mas supõe-se que Tarcísio fará qualquer coisa que o chefe mande fazer detrás das grades. A última coisa que ele quer na vida é ser chamado de traíra por seu criador. Mesmo que vá para o túmulo abraçado a Mischeck. 

Ante situação tão inusitada, talvez ele até tope ser o vice de Mischeck, invertendo totalmente a parada, se o chefe mandar. Mas com tanto óleo na frigideira é mais provável que opte por tentar a reeleição ao governo paulista. Assim se livra de Bananinha e Mischeck numa só penada. E pode posar para o eleitorado como aquele que tentou sem ter, de fato, tentado nada que preste para salvar a indústria e o agro paulista de um prejuízo de bilhões e o desemprego de milhares. 

Com idéias constrangedoras como a de pedir ao STF que devolva ao chefe o passaporte para o Bozo falar com Tramp em Washington em busca de um indulto (!) às tarifas, a direita não pode esperar muita coisa, a não ser o ridículo. O pedido humilhante levou um sonoro não. 

O buraco é muito mais embaixo. Tarcísio teria que liderar o grande capital paulista a marchar decidido aos mercados da Ásia, única alternativa aos EUA após os descalabros recentes e a debacle que espera a ex-grande nação democrática do Norte com um mentecapto psicopata solto no salão oval da Casa Branca. 

Tarcísio não tem história política para isso, não passa de um poste do ex-capitão que nem o Exército quis mais. Também não tem experiência diplomática e comercial para buscar novas parcerias. Ainda mais que o governo Lula já fincou os dois pés na Ásia em sua recente viagem ao continente. Tarcísio teria que ir a reboque dele para lá, e acho que isso não vai gostar de fazer. 

E com o ridículo que protagonizou no STF em favor do chefe, Tarcísio se descredencia como candidato à presidência, restando-lhe somente tentar a reeleição em SP, onde agora terá de rebolar para seguir adiante com seu bonezinho MAGA no coco e dizer que Tramp não teve nada com isso — afinal, a culpa foi toda… do Lula! 

A segunda parte não será tão difícil, devido ao baixo QI do rebanho, mas a primeira é por demais desqualificante. Tanto que o governador apagou de seu endereço na internet as fotos que fez alegremente com o bonezinho vermelho para comemorar a posse do laranjão de laquê no começo do ano.

O castigo, quando merecido, vem a galope. 

Nelson Merlin e jornalista aposentado e curioso sobre o estado futuro do furdunço que os bolsonaristas arrumaram para eles mesmos ao irem lamber os sapatos de mister Trump e sua trupe. 

14/7/2025

     

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