Façanhas

Ainda não foi desta vez que uz mercadus acertaram. Pelo terceiro ano seguido a inflação sob o governo do PT (oh, que desgraça!) ficou muito abaixo das projeções dos nossos maiores economistas, maiores investidores, maiores especuladores, maiores produtores do campo e das cidades. A torcida dos maiores tem que pôr de novo a viola no saco. 

 Vai ficar nos 4,41%, abaixo do teto de 4,5%. Com o preço da comida em baixa, e o das passagens aéreas em alta (oh, que desgraça!). 

Ah, mas a dívida pública explodiu. Que nada! Está bem abaixo da que os países mais ricos do mundo tem, relativamente ao seu PIB. Ah, mas eles são ricos e nós somos pobres, eles podem e nós não. Mentira. Somos pobres porque os ricos daqui e os de lá não querem concorrência. Precisam que nós continuemos no terceiro mundo para eles se servirem de nossas riquezas de solo e subsolo, que em sua maior parte são maiores que as deles. 

Querem que continuemos sendo meros fornecedores de matérias-primas e tudo fique como está. Nós vendemos e eles faturam. Sem falar que o máximo ideal, para eles, é o que as Forças Armadas dos EUA estão fazendo no Caribe, atacando barquinhos com mísseis e aproveitando para tomar petroleiros de outro país e roubar-lhes a carga. 

 Sob que motivo? Deve ser porque os cheiradores de cocaína dos EUA não gostam do produto venezuelano, mas do colombiano, ou boliviano, ou equatoriano, sei lá. Não sou cheirador de cocaína para saber. Também não sou coveiro de cheirador de cocaína. 

Querem saber qual a melhor forma de acabar com o tráfico? Eu sei, e não vou dar de graça. Chega de exploração! Me paguem que eu  conto. 

Mas para os poucos que me lêem eu falo. A melhor forma de acabar com o tráfico de drogas, qualquer droga, é a… tcharam… legalização! Sim, não os tiros de canhão, mas a lei. 

Aqui no Rio Grande está debaixo do nosso nariz, hehe… No Uruguai! Basta ir lá para ver. Não fui ainda, nos últimos tempos, mas leio as notícias. O tráfico ainda existe, mas despencou. O pouco que resta é porque o Governo local ainda não decidiu se permite aos fabricantes produzir mais ou se fica como está por mais tempo para estudar melhor a situação. A cocaína ainda não está liberada, mas a cannabis é o que o povo quer. Cocaína não preocupa porque é para poucos. 

Não sei se mr. Trump vai querer se informar com o esquerdista Yamandu Orsi, seguidor do também esquerdista e ex-presidente José Pepe Mujica, que foi quem lançou o programa de liberação, em 2013. Mas deveria, principalmente agora que declarou a marijuana uma droga leve — o que nos EUA é muita coisa. 

 Em tempo: a liberação controlada da marijuana no Uruguai foi mantida tal e qual pelo governo conservador de Lacalle Pou, antecessor de Orsi e sucessor de Tabaré Vasquez, também esquerdista e sucessor de Pepe Mujica. Portanto, um programa da esquerda uruguaia com apoio popular, inclusive da direita esclarecida. Coisa de país civilizado. 

Muito diferente, aliás, do que vem fazendo a ex-república democrática do Norte, que partiu para uma pseudo solução marketeira e corsária das drogas. Como se elas só chegassem aos EUA pelo mar, e como se os gringos fossem vítimas e não protagonistas no teatro das drogas acima do Rio Grande (não o meu Rio Grande, mas aquele rio que faz a fronteira entre o México e os EUA). 

Dou um dólar furado a quem informar a prisão de um traficante branco e loiro estadunidense nas terras de Tio Sam. Nunca vi, nos meus 79 anos de vida. Pero que los hay, los hay. 

E se não nos virmos mais por aqui, feliz Natal, feliz Ano Novo e até 2026. 

Mas volto em edição extraordinária, se necessário for. 

Nelson Merlin é jornalista aposentado e apoiador das boas soluções para problemas complexos. 

24/12/2025

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