Tem um senador da nossa República que saiu dizendo, dia desses, que é a favor de mudanças nas normas (será que tem?) das emendas parlamentares inseridas no orçamento do Governo.
Qual o motivo? É porque ficou uma coisa muito escancarada — disse o nobre representante do povo, que atende pelo inofensivo apelido de Cleitinho.
Li e pasmo fiquei. Li de novo e mais pasmo ainda me tornei. Tinha que ser uma coisa mais discreta, certamente pra não dar na vista! Recordo que no primeiro ano da maracutaia não passou de R$ 2 bi.
Agora, li também que nossos representantes aumentaram para R$ 62 bi o tesouro guardado na caverna de Ali Babá para eles gastarem em 2026. Um recorde! Neste ano que ainda não acabou, o butim ficou em pouco mais de 52 bilhões. E já era um recorde! Mas acharam pouco e botaram mais 10 bi em cima.
Eu quero ver se o presidente Lula nasceu com aquilo roxo, como dizia um ex-presidente que hoje cumpre prisão domiciliar em sua cobertura com vista para o azul-verde do mar nas Alagoas.
Ou ele veta ou eu me mudo para as Maldivas, país com mais de mil ilhas onde não existem emendas parlamentares e a roubalheira fica restrita à folha corrida pregressa de alguns de seus hóspedes. Juro que a minha é limpa e quero uma choupana bem bacana com água pela cintura na beira do avarandado. Assim não corro risco de me afogar num mergulho. Na minha idade tenho meus limites.
O que não tem limites é a ganância dos políticos brasileiros — coisa única no Mundo! — que tiraram das histórias contadas por Sheerazade ao seu senhor e algoz precisamente essa da caverna do Ali Babá. Podia ser outra, porque há mil delas, como diz o título da famosa obra. Mas não, tinha que ser esta…
O ministro Dino já tem o prato cheio para o ano que vem. Sugiro que a Polícia Federal abra uma sucursal no inferno só para juntar os pilantras que vão pegar a dinheirama e, por vias travessas, desviá-la para seus próprios bolsos.
Mas se Lula vetasse, melhor seria. Custa muito caro correr atrás de vagabundo num país continental como este. Não me interessa se pode ou não pode, pela lei, fazer o veto. Tem que fazer e criar um caso nacional, um caso federal, se não pode.
Porque a dinheirama — e fiquei pasmo mais uma vez — representa 80% do valor disponível para o Governo investir no país em 2026.
Não é só o PCC, o Comando Vermelho e outras facções que tomaram conta do País. A Facção Parlamentar se juntou a elas para tungar nossos bolsos.
É o fim da picada! O Congresso, que foi nosso baluarte para acabar com a ditadura, agora nos leva as calças, a carne e os ossos.
Nelson Merlin é jornalista aposentado que quanto mais passam os anos não pára de se escandalizar.
23/12/2025
