DeepSeek 7 x 1 ChatGPT

Fizemos uma pergunta ao milionário norte-americano ChatGPT e ao muito, muito, muito mais baratinho chinês DeepSeek. A inteligência artificial do país que se diz comunista deu de goleada no rival da até hoje  maior potência econômica e militar do mundo, o império mais poderoso que já houve na História do bicho homem.

De goleada. Balaiada. Muito pior que o 4 a 1 dos Hermanos na Seleção pentacampeã do mundo. Pior até que o 7 a 1 da Alemanha em cima da Seleção do que um dia já foi o país do futebol.

O “fizemos uma pergunta” ali da primeira frase não corresponde exatamente à verdade dos fatos. Quem fez a pergunta foi a Mary, porque eu ainda não cheguei perto desses aplicativos que respondem às perguntas usando a IA. Verdade que ela fez a pergunta a meu pedido – foi, a rigor, a terceira vez em que eu pedi a ela para consultar esses troços. Na primeira, queríamos saber qual era mesmo o nome do nosso colega que foi chefe da fotografia da Sucursal de Brasília da Agência Estado/Estadão durante a primeira campanha presidencial pós-ditadura, em 1989. A resposta dada pelo ChatGPT foi errada. Na segunda, Mary perguntou ao DeepSeek quem é Sérgio Vaz. A IA china falou um porrilhão de coisas erradas.

Mas minha intenção aqui não é falar mal da IA de maneira ampla geral irrestrita. É só contar a historinha desta terceira vez em que Mary fez para mim uma pergunta ao IA.

A pergunta não era, de forma alguma, complexa, capaz de abrir questionamentos seriíssimos. Não tinha nada a ver com as questões mais profundas da vida – quem somos, onde estamos, para onde vamos? Para que serve, afinal de contas, esta porra desta vida? Deus existe? Mas se Deus existe, cacete, como ele permite que existam Hitler, Trump, Bolsonaro?

De forma alguma. A pergunta era simples, objetiva:

“Quais trechos de filmes exibidos em As Cento e Uma Noites, de Agnès Varda, estão na lista dos créditos finais?”

Aí preciso explicar as coisas…

***

Na véspera, tínhamos visto o filme da Varda, Les Cent et une Nuits de Simon Cinéma, uma fantástica, louquíssima, desvairada, desregrada declaração de amor ao cinema, lançada exatamente no ano em que se comemora o aniversário de cem anos da arte.

O filme nos mostra umas duas dezenas de grandes atores. Cita uns 432 grandes diretores – e são exibidos trechos de umas duas dúzias de filmes.

A gente vê aquilo e vai cantando o nome dos filmes que reconhece, que nem o Rubens Ewald Filho, Rubinho para nós que convivemos com ele na redação do Jornal da Tarde, ia fazendo nas transmissões do Oscar sobre as personalidades que iam aparecendo. Atrapalhei a Mary ao – sem conseguir me conter – ficar dizendo o nome dos filmes que apareciam na tela…

Nos créditos finais, há a lista completa dos filmes que tiveram trechos mostrados ao longo daquela coisa maravilhosa, incrível, que eu jamais tinha visto antes.

Comentei com a Mary que quero transcrever essa lista completa no comentário que vou escrever sobre o filme para o + de 50 Anos de Textos.

Para me poupar o trabalho de copiar a lista ao rever os créditos finais, Mary fez a pergunta aos dois troços de inteligência artificial, o do Vale do Silício e o do país da ditadura do partido único.

A primeira resposta do ChatGPT foi tão vagabunda que Mary reclamou que ela não respondia nada. Aí o troço cuspiu:

“Compreendo seu interesse em obter uma lista específica dos filmes mencionados nos créditos finais de As Cento e Uma Noites (1995), dirigido por Agnès Varda. Embora informações detalhadas sobre essa lista não estejam amplamente disponíveis em fontes públicas, posso sugerir algumas abordagens para obter essa informação:​

“Assistir ao filme: Ao visualizar os créditos finais diretamente, você poderá anotar os filmes mencionados.​

“Consultar materiais especializados: Livros, artigos acadêmicos ou críticas aprofundadas sobre a obra de Agnès Varda podem conter análises detalhadas que incluam a lista dos filmes referenciados.​

“Entrar em contato com instituições cinematográficas: Organizações dedicadas ao estudo do cinema francês ou à obra de Agnès Varda podem ter acesso a informações mais específicas.”

Afe Maria…

Isso aí é artificial, mas não é inteligência. Contar pra mim o óbvio, aquilo de que já estou cansadíssimo de saber não é coisa de inteligência.

***

O programa china é muito mais simpático, mais gentil – e mais informativo. Eis a resposta do DeepSeek:

“No filme Les Cent et Une Nuits de Simon Cinéma (1995), de Agnès Varda, diversos filmes clássicos e cineastas são homenageados ao longo da narrativa. A lista completa dos filmes mencionados ou referenciados pode não estar totalmente detalhada nos créditos finais, mas muitos aparecem em cena ou são citados.

“Alguns dos filmes e diretores destacados no filme incluem:

  1. À Bout de Souffle (1960) – Jean-Luc Godard
  2. Les Parapluies de Cherbourg (1964) – Jacques Demy
  3. Le Mépris (1963) – Jean-Luc Godard
  4. Jules et Jim (1962) – François Truffaut
  5. Les Demoiselles de Rochefort (1967) – Jacques Demy
  6. Bande à Part (1964) – Jean-Luc Godard
  7. L’Atalante (1934) – Jean Vigo
  8. Les Enfants du Paradis (1945) – Marcel Carné
  9. La Règle du Jeu (1939) – Jean Renoir
  10. Hiroshima Mon Amour (1959) – Alain Resnais
  11. Le Samouraï (1967) – Jean-Pierre Melville
  12. Belle de Jour (1967) – Luis Buñuel

“Além disso, há aparições de cineastas como Michel Piccoli, Marcello Mastroianni, Robert De Niro, Martin Scorsese, Anouk Aimée, Alain Delon, Catherine Deneuve, Gérard Depardieu, Harrison Ford, Jean-Paul Belmondo, Hanna Schygulla, entre outros, que representam a história do cinema.

“Se você estiver procurando a lista exata dos filmes citados nos créditos finais, seria necessário verificar os créditos completos do filme (disponíveis em versões em DVD ou em plataformas de streaming). Infelizmente, essa informação não está amplamente documentada online em detalhes. Caso queira uma lista mais precisa, recomendo assistir ao filme novamente e pausar durante os créditos finais.

Se precisar de mais detalhes sobre algum filme específico, posso tentar ajudar!”

***

Ah, meu, mas que diferença! Que coisa absurda!

Não é à toa, não é nada à toa que, quando foi anunciado ao mundo o lançamento do DeepSeek, no dia 28 de janeiro deste ano maluco de 2025, as sete grandes empresas norte-americanas de tecnologia perderam US$ 1 trilhão em valor de mercado.

Enquanto isso, o desgoverno Donald Trump combate as universidades e a presença de imigrantes, e esvazia os programas de pesquisa e ciência.

O cara está fazendo tudo pra Make China Great Again.

30 e 31/3/2025

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