Tempos atrás, certa deputada parecia ter confundido posse no cargo com festa de arromba. Surgiu no plenário da Câmara, ambiente em que as pessoas se tratam por Vossa Excelência (quando não estão se xingando), ostentando seus atributos físicos em um grande decote.
O decote provocou um ataque de pudicícia nas redes sociais, mas a senhora dizia que é dona de seus seios e vai continuar vestindo o que quiser. Muito justo (ou muito largo, mas decotado).
Só é preciso ficar atento à bandalha, não vá o Garotão da Lapinha, eleito com o voto da galera, chegar para a posse de bermudão e chinelo.
A verdade é que o formalismo no vestir está afrouxando. Hoje vê-se comentarista de política na televisão com terno e camisa social, mas sem gravata. Óculos, até algum tempo, não existia no vídeo. Agora, está até no rosto da apresentadora do Jornal Nacional, como devia ter sido antes.
Nos três Poderes da República, a gravata, que já adornou o pescoço de Luís XIV, deve ter vida longa. Mas nunca se sabe. Vai que uma pesquisa indique uma camisa com gola rolê suficiente para manter o decoro – e atrair votos. ]
De qualquer modo, as inovações que vierem não devem incluir o Judiciário. Alguém imagina um ministro do Supremo, de paletó esporte e gravata borboleta, em um julgamento?
Esta crônica foi originalmente publicada no blog Vivendo e Escrevendo, em 1º/5/2025.
