Eita mundão véio sem porteira. Mister Tramp não faz outra coisa agora que dar bordoadas no Jair e no Bananinha, pensando que está acertando o coco do Lula, a cabeça calva do Xandão.
Não tá. Ele mira os dois e acerta em cheio no compadre. Lula estava nas cordas e agora sobe nas pesquisas como um rojão, o Xandão nada de braçada no STF — aprovou o IOF e logo vai pegar o Tarcísio, dedurado pelo advogado de um dos réus da trama golpista. E a direita brasileira corre como barata tonta para desviar das vassouradas do Mister enlouquecido.
Agora, o laranjão de laquê — que despenca beautifully nas pesquisas de lá — resolveu encrencar com o Pix, logo essa maravilha que virou xodó dos brasileiros de cima a baixo da nossa pirâmide social. Segundo o pensamento ultra metafísico de Mister Tramp, o Pix é uma concorrência desleal do governo brasileiro às high techs americanas, que têm ferramentas de pagamentos instantâneos furrecas e limitadas, ficaram na poeira com o lançamento do Pix em 2020 (!) e cobram uma “providência” do novo inquilino da Casa Branca, em cuja campanha despejaram dólares sem conta.
De fato, vi alguns números escaldantes. No ano passado, o Pix teve mais de 63 bilhões de transações contra 50 bilhões de todos os cartões de crédito e débito juntos, mais Teds, cheques e dinheiro em papel. Um chuá.
Os ex-presidentes Temer e Bolsonaro não vão dizer nada? Campos Neto também não? O Pix foi bolado e implantado nas gestões deles no Planalto e no Banco Central, respectivamente. O ex-capitão golpista nem sabia do que se tratava, cuidava de outros interesses, os seus e os da famiglia, mas Campos Neto sabia.
O Pix é um case de sucesso tão grande que até os cartões de crédito internacionais ficaram chamuscados com seu advento, embora não seja (ainda) um cartão de crédito. Imagine se fosse!
Mas logo mais será! A partir de setembro, o BC promete que o Pix poderá ser utilizado para pagamentos parcelados, como se fosse um cartão de crédito. E sem juros! De repente, vai ter até descontos!
E aí? Vão mandar a 6a Frota?
Que tal uma bomba nuclear? Ou duas, como sugere o “moderado” 01 do ex-capitão?
Em sua última cartada na mesa de pôquer que reinstalou neste novo mandato, mister Tramp mandou o Departamento de Comércio dar um rapa no que ele pensa ser a banquinha de malfeitos que Sampa ousa montar, assim que a 25 de Março acorda para mais um dia de comércio popular no centro da grande cidade.
Nunca vi tanto fiscal junto como lá, e também no Bom Retiro, na Zé Paulino, na Ladeira Porto Geral, na Santa Ifigênia, na Luz, no Brás, na Moóca, no Canindé e tantos outros recantos da selva de pedra paulistana (onde vivi por 30 anos) cheia de ofertas e quitutes para todos os gostos.
Tarcísio e Nunes não vão dizer nada? O Ministério Público também não? E a Justiça vai ficar quieta? Foi acusada de não punir como deveria as falsificações. Em outras palavras, de ser conivente com a pirataria.
Vai ficar por isso mesmo?
O governo paulista e a prefeitura paulistana gastam uma nota preta para manter a ordem tributária na vasta região. O motivo é santo: comércio ilegal dá um baita prejuízo ao erário público, que deixa de faturar bilhões em impostos, taxas e contribuições.
A pirataria causa prejuízo a nós muito mais do que a eles e é do nosso maior interesse combatê-la, como já é feito desde antes que a Receita paulista e a Fiscalização implacáveis obrigaram a galeria Pajé a se transformar num grande shopping center eletrônico com nota fiscal. Num só, não. Hoje, a Galeria Pajé tem tanto quanto dois shoppings centers em bairros diferentes de Sampa, é um Shopee em miniatura, tudo com nota fiscal.
Pirataria e evasão de impostos tem por todo lado, inclusive Miami e Nova York. Mas daí a dizer que causa grave prejuízo aos interesses dos EUA é menosprezar o tamanho dos negócios mundo afora dos próprios gringos, com seu PIB de US$ 30 trilhões, quase o dobro do chinês e 15 vezes maior que o do Brasil.
É como se a famosa linguiça de Atibaia e Bragança Paulista, que se engalfinham por sua paternidade, tivesse que ser perseguida e banida do Mercadão da Cantareira porque está causando prejuízo ao McDonald’s.
Não é taxando com 50% tudo que se produz aqui e desembarcar por lá que se vai acabar com a pirataria. Não tem nada a ver, se a cabeça não for miúda. O que mister Tramp poderia fazer (mas não vai) para ajudar a combater a pirataria, se me permitisse o conselho, é dar prêmios fiscais aos fabricantes americanos para reduzirem seus preços exorbitantes e serem mais competitivos.
Sugiro também que mande investigar as orcrims norte-americanas que estão por trás do contrabando e da pirataria no mundo todo.
Não creio que ele tenha cabeça para isso — embora tenha um cabeção avantajado que, em razão da anatomia, poderia abrigar miolos com mais neurônios que o comum dos mortais.
No mínimo, com uma pontaria mais caprichada.
Nelson Merlin é jornalista aposentado e admirador das competições olímpicas de pontaria com arco e flecha.
17/7/2025