A cartinha do Trump ao presidente Lula é uma facada nas tripas dos bolsonaristas. Não só na deles, mas de toda a direita empenhada em quebrar as pernas de Lula e da esquerda para abatê-los em 2026 com uma candidatura que eles ainda não sabem qual será, ante o receio de Tarcísio de carregar Micheck ou o Bananinha como seu vice.
Dólar nas profundezas e Bolsa nas alturas, como se viu antes da cartinha, só aconteceu nos melhores momentos da economia brasileira. Isso não podia continuar. O propósito da cartinha foi criar um terremoto e desestabilizar o governo Lula.
Por que será que estamos em céu azul de brigadeiro nos grandes números e cá embaixo a extrema direita, a direita, o centrão e agora Trump estão em guerra com o governo?
Justamente por causa dos grandes números. Há muito não se via indicadores econômicos tão bons e convergentes. Não são números pontuais e ocasionais, mas em séries abrangentes e consistentes, há dois anos e meio seguidos.
Por preconceito social que se mistura com intolerância ideológica e fantasias delirantes, a direita e a extrema direita, daqui e de fora, querem, por todas as maneiras e mentiras, impedir que o governo… governe. E, pior que tudo, que se reeleja em 2026. A cartinha de Trump faz parte desse ataque.
Jair Messias será preso em setembro e no ano que vem o melhor que Tarcísio tem a fazer, após a cartinha, é tentar a reeleição ao governo de São Paulo, com grandes chances de não passar do primeiro turno. Num único dia, Trump fez o bolsonarismo derreter em fogo alto.
A direita sente o golpe e, para se defender, corre a pôr a culpa em alguém. Noves fora o Bananinha, a culpa é de Lula, claro. O belzebu teria sido incompetente no trato com a besta da Avenida Pennsylvania. Pode-se dizer tudo de Lula, menos que ele não saiba conversar com seus adversários. A prova disso é seu ministério cheio de bolsonaristas e suas mesuras a Motta e Alcolumbre, dois bolsonaristas na chefia do Congresso, repentinamente mudos ante a cartinha de Trump.
Vai ser difícil colar culpa em Lula mesmo nas cabeças mais desmioladas do gado bolsonarista. Com as declarações entreguistas e subservientes de seus principais governadores, os “patriotas” já perderam sua principal bandeira. Após o fiasco de suas lideranças, na brasileira não poderão mais se enrolar. Que tal na americana?
Resta aos radicais da pátria amada orar pela chegada dos marines. Assim como acendiam seus celulares para os céus pedindo aos ETs que viessem salvá-los dos comunistas após a derrota em 2022.
Pelo tom da cartinha, só falta mesmo mister Trump mandar a 6a Frota. Em 1964, os EUA despacharam um porta-aviões, que não precisou desembarcar. Hoje, os bolsonaristas ficariam felizes em ver ao menos uma lancha da guarda costeira dos EUA no lago Paranoá.
No entanto, a geografia do Planalto Central diz que chegar lá não vai ser fácil…
Nelson Merlin é jornalista aposentado e comentarista do apocalipse nas horas vagas.
11/7/2025