Registro algumas coisinhas sobre a lista dos 100 melhores filmes do século XXI que o New York Times divulgou nesta sexta-feira, 27/6, quase metade do ano número 25 do próprio dito cujo. Digo de cara que não vi a lista com atenção, cuidado – muito antes ao contrário. Mas, diacho, é a primeira lista de melhores filmes do século, foi feita pelo jornal mais importante do mundo com base na opinião de 500 profissionais da indústria, eu tenho uma porcaria de um site sobre filmes, então não tem jeito de eu não falar alguma coisa.
Então vamos lá. Deux ou trois choses que je sais d’elle, como diria o Godard. Ou talvez mais exatamente, deux ou trois choses que je ne sais pas d’elle.
1 – Toda lista é feita pra levar cacete. Não há lista que agrade a mais de 2 pessoas em um grupo de 100. Mas não há quem não adore ver uma lista.
Quando, em janeiro de 2020, publiquei a lista dos Melhores Filmes da Década de 50 – elaborada por mim, mas sem nenhuma opinião minha, apenas com base no que dizem três livros famosos, respeitados, a Academia de Hollywood e os jurados do Festival de Cannes –. escrevi:
“Não existe lista perfeita, nunca, jamais – até porque gosto não se discute, e o que seria do amarelo se todos gostassem só do verde? O que seria de Hollywood se todos gostassem só do cinema iraniano? (E vice-versa!) Mas todo mundo adora uma lista – até para achar e apontar defeitos. Lista é um vício, como cerveja, vinho, chocolate.”
(Depois da lista dos melhores dos anos 50, fiz também as dos melhores dos anos 30, 40, 60, 70, 80 e 90. Não cheguei ao século XXI…)
2 – Bem diferentemente da minha amiga Rita Tavares – uma cinéfila de carteirinha que nem eu, mas muitissíssimo mais up-to-date e organizada, que viu 71 dos 100 filmes – [euzinho aqui se vi uns 30 foi muito. Ainda vou fazer as contas que a Rita fez rapidinho, rapidinho, mas chutaria que vai ser por aí.
Fiz agora uma prévia. Dos top 10 da lista elaborada por 500 profissionais do metiê, vi 6. Epa, até que não fui tão mal aí. Pois é. Mas, por exemplo, sobre Sangue Negro (2007), de Paul Thomas Anderson, que vi com a Mary em DVD, em agosto de 2008, anotei apenas o seguinte, além dos dados básicos da ficha técnica: “Eta filme chato”. E cravei 1 estrela em 4 para a obra-prima que levou a medalha de bronze, o augusto terceiro lugar na lista.
Outro dos 6 dos Top 10 da lista que vi, Onde os Fracos Não Têm Vez (2007), dos irmãos Coen, não figura no meu site de filmes, porque não tive ânimo de escrever sobre ele quando o vi, no DVD, com a Mary, em junho de 2008. Só anotei a ficha técnica básica e dei 3 estrelas em 4. Adoro os filmes dos irmãos Coen, mas creio que este Onde os Fracos Não Têm Vez é o de que eu gosto menos…
3 – O terceiro da lista, achei danado de chato. O segundo e o primeiro, Mulholland Drive (2001) e Parasita (2019), não vi. O coreano, digo sem o mais leve pejo, não tenho interesse algum em ver. Nem sei exatamente por quê. Talvez porque tenha ganhado tanto Oscar, tenha sido tão badalado. O do David Lynch, a mesma coisa.
4 – Já o quarto da lista, Amor à Flor da Pele (2000), de Wong Kar-Wai, meu, há uma coincidência incrível. Postei meu texto sobre ele no + de 50 anos de Filmes na quinta-feira, 26 – a véspera da divulgação da lista do New York Times! Eu tinha visto o filme na época do lançamento, em fevereiro de 2001, na então Sala UOL de Cinema, aquela bela sala na Fradique Coutinho que também já foi da Cinemateca Brasileira – e, na época, não tinha gostado muito, tinha dado 2 estrelas em 4.
Pois é. Mas então revi agora há pouco, em fevereiro deste ano de 2025 – e me rendi diante da beleza da obra de Wong Kar-Wai. Anotei:
“Consigo entender plenamente: em 2001, seguramente devo ter achado o filme cheio de maneirismos, de criativóis, de fogos de artifício, de invencionices formais – e, diabo, eu não gosto disso. Pois é. Enquanto via o filme agora, 24 anos depois, achei que ele é, sim, cheio de maneirismos, de criativóis, de fogos de artifício, de invencionices formais. Só que é tudo maneirismo, criativol, fogos de artifício, invencionice bonito pra cacete. Não tem jeito. É um filme cheio de maneirismos, de criativóis, de fogos de artifício, de invencionices formais – mas é belíssimo.”
5 – Mas… Amor à Flor da Pele é de 2000. E 2000 é o último ano do século XX, como qualquer pessoa que saiba somar 1 + 1 está cansado de saber… Então que raios o filme está fazendo numa relação de melhores filmes do século XXI?
6 – E finalmente… Como bem notou o garoto Joel Pinheiro no Em Pauta da GloboNews, a lista dos 100 não inclui nenhum, nem sequer um, nem um único Woody Allen!
Ah, então, diabo, por que estou perdendo tempo com ela?
Porque, sua besta, como você mesmo disse, lista é um vício, como cerveja, vinho, chocolate…
Anotação em 27 e 28/6/2025
Sérgio, ainda não tive tempo de ver a lista mas já não gostei pq não tem Wood Allen.
Assim como você não acho “Onde os fracos não tem vez “ o melhor Cohen.
Sobre Mulholland Drive não posso dizer nada. Dormi nas 3 vezes que tentei ver. Meu marido ama esse filme e não me perdoa!
Amor ã Flor da Pele é um dos meus filmes favoritos. Já vi várias vezes desde o lançamento. Adoro esse filme cheio da maneirismos, movimentos ensaiados. Gosto da música, do figurino dos atores.
Vou checar essa lista e ver se concordo com ela! Rsrs
Um abraço,