A Fuga das Galinhas!

Já tem uns dias que, vira e mexe, essa velha comedinha de 2000 me vem à cabeça.

A animação dirigida por Peter Lord narra a revolta de um grupo de galinhas contra os proprietários da fazenda em que moravam. Liderada pela galinha Ginger, elas decidem bater asas de lá pra salvarem seus pescoços.

E por que raios estou me lembrando desse filme a toda hora? Pensei, pensei e concluí que tem a ver com a fuga da nossa galinha, digo, deputada Carla Zambelli, recém condenada a 10 anos de prisão pela “ideia genial” que teve ao contratar um hacker para invadir o sistema do CNJ – Conselho Nacional de Justiça.

Mas aí me questionei: O que tem a ver o filme com a Carla Zambelli. Nada, né? Principalmente porque a Ginger é descrita como uma galinha muito inteligente. Bem diferente da deputada que acha que fuçar nos computadores de nosso Judiciário é normal, que essa condenação é perseguição política e que anuncia em alto e bom som nas redes sociais que saiu do país. (Essa foi pá ri. Que condenado sai por aí anunciando aos quatro cantos que fugiu da raia?)

Primeiro declarou que saiu do Brasil para procurar tratamento médico. Outra estranheza: Aqui não tem bons veterinários, digo, profissionais da saúde a quem pudesse recorrer? Depois disse que se sentiu ceifada porque a sentença incluía a perda do mandato: “Eles me ceifaram mas quando acham que morri, é quando renasço das cinzas – como a fênix. Quando julgam que minha árvore da vida secou e quando ela mais me dará frutos. Nove ministros do STF imaginavam que, ao não ser mais parlamentar, eu seria finalmente combatida e silenciada”.
Mas ela insiste em dizer que isso não é fuga, é resistência: “É poder continuar falando o que eu quero falar. É voltar a ser a Carla que eu era antes das amarras que essa ditadura nos impôs “. (Deuzulivre).

Ô cuitada! Saiu daqui achando que vai poder invadir sistemas dos poderes estrangeiros ou correr armada atrás de alguém pelas ruas, talvez da Itália, onde supostamente se estabeleceria, já que tem passaporte italiano? E pior, saiu daqui achando que vivemos mesmo numa ditadura? Alguém desenha pra ela o que é uma ditadura, por favor?

Voltando ao filme, as galinhas fujonas tomaram essa atitude porque temiam virar recheio de torta num banquete. Olhando por esse ângulo, será que Carla Zambesta (apelido carinhoso dado a ela pelos internautas) também não estaria com medo de virar recheio de torta do PL? Sabemos que por lá ninguém moveu um pauzinho sequer em sua defesa e que o puxador de samba do partido não morre mais de amores por ela. O inelegível já declarou publicamente que perdeu a eleição por causa dos atos tresloucados dessa fã ardorosa. A quem então poderia interessar sua permanência aqui no país? E se a condenada, se sentindo absolutamente só, resolvesse dar com a língua nos bicos quando finalmente fosse trancafiada no galinheiro?
Sei não!

De qualquer maneira tudo isso não deixa de ser uma comédia. Uma comédia bem trapalhona, verdade, meio que à la Didi, Dedé, Mussum e Zacharias, embora tenha um grau de gravidade bem elevado. Uma parlamentar eleita pelo povo deveria dar um bom exemplo de comportamento e cumprir seu trabalho em prol dele, e não sair tentando matar adversários do seu ídolo, entre outras coisas.

Bem, vamos aguardar o fim desse filme e esperar pela segunda temporada. Se tudo correr dentro dos conformes, essa segunda parte deverá ser totalmente rodada no interior da Madre Pelletier, a penitenciária feminina de Porto Alegre. Ou outro cercado qualquer a ser escolhido pelo diretor.

Esta crônica foi originalmente publicada em O Boletim, em 6/6/2025. 

Nota do Administrador: A penosa da foto no alto do texto é a Ginger, não a deputada Carla Zambesta, perdão, Zambelli. A nobre deputada é a da foto logo acima.

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