Vai tomar, Lula!

Acostumado às frequentes lambidas de saco recebidas de Luiz Inácio da Silva, o eterno presidente da Venezuela Nicolás Maduro engrossou o caldo nesta última terça-feira e mandou  Lula tomar chá de camomila pra sossegar o facho.

Finalmente, dias após o ditador venezuelano declarar em discurso público que o país cairá em um “banho de sangue”, uma “guerra civil fraticida” caso não ganhe as eleições, Lula se manifestou a respeito: “Eu fiquei assustado com a declaração de Maduro dizendo que se ele perder as eleições vai ter um banho de sangue”. Quem perde as eleições toma um banho de voto. O Maduro tem que aprender, quando você ganha você fica, quando você perde você vai embora”. (Não sei por que me lembrei da Dilma agora.)

Perguntado sobre a reação de Lula, Maduro respondeu: “Eu não disse mentiras, só fiz uma reflexão. Quem se assustou que tome uma camomila porque esse povo da Venezuela já passou por muita coisa e sabe o que eu estou dizendo”.

Um babadão inesperado entre esses dois, mas nessa briga de rinha melhor não meter nossa colher. Que penas voem dos dois lados.

E, falando nisso, é exatamente esse o mote da campanha de Maduro. Com base nas brigas de rinha, ainda bem populares em bairros de Caracas, o ditador está sendo chamado em música de “meu galo pinto”, que em espanhol quer dizer galo valente. (Sorte a dele não ser brasileiro numa hora dessas.)

Uma pesquisa recente mostrou que o sucessor de Hugo Chávez tem sido visto como “fraco” aos olhos dos chavistas, por isso a ideia de fazer dele um “galo pinto”. Um candidato rijo e forte, um pau pra toda obra.

Como candidato, Maduro promete mudanças sem, porém, deixar de lado a “defesa do socialismo na luta contra o capitalismo”.

Sobre a luta contra o capitalismo, o povo venezuelano não tem a menor dúvida de que ele irá cumprir. Tem sido sua marca registrada ao longo dos anos e a prova disso a população tem sentido na carne (que carne?) os resultados: Prateleiras de supermercados desabastecidas, gente catando lixo pra comer só porque o ex-motorista de ônibus e presidente da Venezuela desde 2013 é contra a propriedade privada que tem como objetivo o lucro e a riqueza. Houve um tempo em que nem papel higiênico tinha no país. (Mas, pensando bem, pra quê papel higiênico? Se a pessoa não come, não vai “descomer”, portanto esse item é totalmente dispensável.)

Vamos aguardar o resultado das eleições de domingo próximo pra saber se o homem que recebe mensagens de Hugo Chávez através de pajaritos (isso pode causar espanto para alguns, mas não pra nós, brasileiros; já tivemos um presidente que corria atrás das emas do palácio com caixinha de cloroquina nas mãos, lembram?) vai se perpetuar no poder ou se realmente vai haver um banho de sangue no país.

Enquanto isso não acontece, é bom providenciar um estoquezinho de camomila, e ficar torcendo para que o presidente se dê conta de que cair de maduro faz parte da natureza.

Esta crônica foi originalmente publicada em O Boletim, em 26/7/2024. 

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