A semana está recheada de gafes nacionais e internacionais e elas estão dando muito o que falar.
Vamos começar pela que vem de fora.
Afinal, o Papa é Pop ou o Papa é Putin? Perguntam os políticos, a imprensa, os fiéis. os infiéis e os internautas de todas as redes virtuais.
Seu Jorge Mario Bergoglio, mais conhecido como Papa Francisco, deu uma pisada no tomate com as declarações sobre a guerra da Rússia contra a Ucrânia, e já faz uma semana que só se fala nisso. O Papa está sendo crucificado por sua fala, tanto pelos ucranianos quanto pelos países que estão apoiando a Ucrânia.
Em entrevista à uma emissora de TV Suíça, o Papa Francisco pegou o microfone, encarnou uma Dalva de Oliveira e cantou: 🎶Bandeira branca, amor. Não posso mais, pela saudade que me invade, eu peço paz🎶.
Brincadeirinha. O Papa não cantou mas pediu a paz, falou que Volodymyr Zelensky deveria empunhar a bandeira branca e negociar o fim da guerra. Em outras palavras, que ele deveria ficar de quatro pro Putin enquanto ele crava o mastro da bandeira branca seu жопа. Disse ainda: “A palavra negociar é uma palavra corajosa quando você vê que está derrotado, que as coisas não estão indo bem”.
Essa declaração soou como um “Perdeu, Mané” nozovidos do Zelensky, que logo tratou de dar uma resposta, dizendo que jamais levantará a bandeira branca para a Rússia e que ele, o Papa, fosse falar isso lá pro agressor e não pra vítima.
O Vaticano ainda está tentando pôr batinas quentes no papo do Papa, mas, como diria a Dilma, depois que a pasta de dente sai do dentifrício, ela dificilmente volta pra dentro do dentifrício.
Outro que andou dilmando nesta semana foi o senhor Luiz Inácio Lula da Silva. Querendo fazer graça simulando uma piada, Lula, um dia depois de ter coordenado a primeira reunião do Conselho Nacional de Ciência e Tecnologia, disse: “Tô cansado de ouvir falar desse bicho de Inteligência Artificial. Um país que tem tanta gente inteligente pra quê precisa de inteligência artificial? Por que não utilizamos a inteligência humana que já temos aqui”?
Como ele iniciou a fala dizendo que a Inteligência Artificial era um tema muito complicado pra sua cabeça, pode-se concluir que a “piada” não era exatamente uma piada. O homem parece convencido de que isso é uma grande bobagem. Que nós, inteligentes que somos (ele se inclui nesse rol) não precisamos disso. Mas como descobriu que a vinda da IA é inevitável tratou logo de encomendar aos cientistas “uma proposta de Inteligência Artificial em português”.
Afinal, nóis é inteligente mas não samos poliglota, né, Lula?
Tem mais uma gafe na semana, que fico até meio constrangida em contar, porque foi cometida por um ex-juiz, ex-ministro e agora um quase ex-senador, caso o processo de sua cassação siga adiante e votem por tirá-lo da lista de chamada. Sendo assim, estamos falando de uma pessoa importante, estudada, que deveria estar atualizada com os mais variados assuntos do cotidiano. Não está, porém!
Mas como a fofoca já virou pública (vi uma postagem no Xtwitter e saí em busca de confirmação porque não estava acreditando no que meus olhos “ouviam”. Tá tudinho escrito na revista Fórum de 11/03), então não vejo problemas em contar para quem não leu.
Numa conversa entre senadores, Sergio Moro lamentou um episódio ocorrido no Paraná um dia desses (depois eu conto o que aconteceu) e disse pro interlocutor: “Muito triste esse movimento que está sendo feito contra o livro do Pelé. Vou perguntar pro governador Ratinho Júnior por que a Secretaria de Educação mandou tirar o livro das escolas”.
Até aí, tudo bem. Uma curiosidade e uma preocupação que qualquer um de nós poderia ter se o livro retirado das escolas não se chamasse “O Avesso da Pele”, ganhador do Prêmio Jabuti em 2021, escrito pelo, professor e pesquisador brasileiro Jefferson Tenório. O livro trata de racismo e envolve violência e sexo, temas considerados impróprios para apoiadores de Bolsonaro, razão da retirada do livro. (Os estados comandados pelos adoradores do mito também aderiram ao movimento.)
Portanto, nada a ver com o nosso Rei.
O lado bom dessa história é que Pelé continua intocável e a conclusão é a de que Sérgio Moro, que está prestes a perder o assento no Senado, na gramática já perdeu o acento definitivamente.
Esta crônica foi originalmente publicada em O Boletim, em 15/3/2024.