Hoje é dia de comemoração. Logo após o “aniversário” de 56 anos do AI5, baixado pela ditadura militar em 13 de dezembro de 1968, o poder civil prende um general 4 estrelas por obstrução da Justiça no processo a que responde por tentativa de golpe de estado, após a derrota eleitoral da chapa em que foi candidato a vice-presidente da República em 2022.
O cabeça da chapa e cabeça do golpe ainda está solto, por mero obséquio do Supremo Tribunal Federal. Aguardemos.
Em tese, o cabeça não está (ainda) fazendo obstrução da Justiça. Ao contrário. De cão raivoso quando ocupou a Presidência da República, agora implora perdão ao presidente Lula e ao ministro Alexandre Moraes.
Todo mundo tem o direito de fazer um papel ridículo na vida. Este faz dois, um a Lula e outro ao odiado Xandão. Do jeito que vai, logo mais poderia fazer o terceiro, no Vaticano, ante o Papa. Isso se Xandão lhe devolvesse o passaporte para visitar Sua Santidade — mas que ele quer, em princípio, para ir à posse do arquiguru Donald Trump e o ministro já disse, mais de uma vez, que não dá. Mais fácil mandar uma carta condoída ao Papa Francisco, que suas hostes chamam de comunista.
Seu colega de chapa não chegou a tanto. Pelo menos teve um pingo de vergonha. Resolveu ir direto ao ponto e indagar do pai do ajudante de ordens do grande chefe o que foi que seu filho “entregou” aos delegados da Polícia Federal. O general é tão soberbo em sua farda e suas estrelas que nem se importou que poderia ser preso por tal assédio e cara de pau.
Como foi que a PF soube disso? Porque o ex-fiel ajudante Mauro Cid contou. É hora de jogar cargas ao mar para tentar salvar o navio. Mauro Cid entrou numa canoa furada e há algum tempo decidiu que não vai para o fundo sozinho.
O ex-general Braga Neto é o primeiro do mais alto coturno em quem dá o abraço dos afogados. O próximo da fila?
Quem viver, verá.
Nelson Merlin é jornalista aposentado e mais feliz.
14/12/2024