Opção preferencial pelas ditaduras

Pode haver algo mais vil, mais pusilânime, mais infame, mais ordinário, mais rasteiro, mais vergonhoso do que um governo que não dá o nome dos criminosos quando divulga um comunicado condenando os crimes horrendos que acabam de ser praticados?

“O governo brasileiro condena o bombardeio que atingiu hoje o hospital infantil Ohmatdyt, em Kiev, que resultou em número expressivo de vítimas fatais, incluindo crianças.”

Este é o início do comunicado divulgado pelo Ministério de Relações Exteriores na última segunda-feira, dia 8, depois que a Rússia do ditador Vladimir Putin disparou mais de 40 mísseis contra diversos locais da Ucrânia.

No bombardeio, um dos piores desde o início da invasão do país vizinho pelas forças russas, pelo menos 41 pessoas morreram, incluindo três crianças. O hospital pediátrico Ohmatdyt, o maior de Kiev, ficou parcialmente destruído.

O comunicado do governo de Luiz Inácio Lula da Silva tem 160 palavras, distribuídas em três parágrafos, A palavra Rússia não consta do texto.

É vil, pusilânime, infame, ordinário, rasteiro, vergonhoso – mas não é novidade. No dia 7 de outubro de 2023, o dia dos ataques do grupo terrorista Hamas no território de Israel – que deixou mais de 1.350 mortos, dos quais cerca de mil eram civis, no pior ato contra o Estado de Israel desde sua formação, em 1948 –, o Ministério das Relações Exteriores também distribuiu um comunicado em que não constava o nome do executor da ação, o Hamas.

Começava assim:

“O Governo brasileiro condena a série de bombardeios e ataques terrestres realizados hoje em Israel a partir da Faixa de Gaza, provocando a morte de ao menos 20 cidadãos israelenses, além de mais de 500 feridos. Expressa condolências aos familiares das vítimas e manifesta sua solidariedade ao povo de Israel.”

É o retrato da política externa do governo Lula.

Para ele, a reação de Israel contra os terroristas do Hamas é igual ao Holocausto – mas, quanto à autoria dos ataques que provocaram a reação israelense, faz-se silêncio. Para ele, a nação invadida, bombardeada sem cessar pelas forças de um país imensamente maior e mais poderoso, é tão responsável pela guerra quanto o invasor.

Como se a estuprada tivesse tanta culpa quanto o estuprador. O torturado fosse tão responsável pela tortura quanto o torturador.

O governo Lula tortura a lógica, a razão, o bom-senso, joga no lixo 200 anos de diplomacia que até pouco tempo era conhecida pelo profissionalismo, pela independência, pela decência.

Sob o governo do inominável antecessor de Lula, as coisas já haviam se degringolado. O Brasil virou um pária na comunidade internacional. Em seu terceiro mandato, o presidente conseguiu reverter rapidamente essa situação. Infelizmente, porém, não demorou nada para que o extremo terraplanista da doutrina Olavo de Carvalho fosse substituído por outro extremismo ilógico, insano.

A tortura e a indecência cometidas pelo governo Lula na diplomacia não são equívocos de momento, enganos, tropeços. Muitíssimo ao contrário. Seguem as determinações da ideologia petista.

É aquela ideologia binária, primária, obtusa, juvenil, ginasiana: se é contra os Estados Unidos, o Império, o Mal em Si, o Grande Satã, então é nosso amigo. Israel tem o apoio do Grande Satã, então Israel também é o Mal em Si, e quem luta contra ele – Hamas, Hezbollah, o Irã que financia os dois – é nosso aliado, amigo, camarada, cúmplice.

Quem é amigo do Grande Satã também é o Mal em Si. O Império e a União Européia são a favor do invadido, então viva o invasor!

Sob o governo Lula, o país do Barão do Rio Branco fez a opção preferencial pelas ditaduras e pelos terroristas, contra as democracias.

12/7/2024

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