Tá valendo um pirulito de pimenta malagueta grátis para quem vier a público dizer que acredita em alguma linha do malfadado artigo “Aceitem a democracia”, publicado pelo Abominável na incrível Trolha de S. Paulo, jornal que o Tinhoso destratou dia sim outro também nos malditos quatro anos em que desgovernou o país.
Deve chupá-lo com gosto e estalando os beiços. Se não, não vou acreditar.
Acho que um dos que acreditou deu cabo da própria vida na noite de 13/11/2024, em frente à estátua símbolo do Supremo Tribunal Federal, em Brasília. Diz sua ex que ele queria matar o ministro Alexandre de Moraes e depois suicidar-se, detonando as bombas que carregava na cintura e em suas mochilas.
Algo deu errado e ele se matou antes, invertendo a ordem dos fatores, que nesse caso resultou em outro produto: um bolsonarista morto por si mesmo no chão e um ministro agora mais forte do que nunca para botar mais bolsonaristas na cadeia pelos atentados de 8/1/2023. De quebra, acabam-se as chances de uma canhestra anistia dos condenados e a condenar, bem como do Abominável inelegível que sonhava pegar uma carona na canoa furada do perdão aos terroristas de 8/1.
Vou dar outro pirulito para quem acreditar que o atentado de 13/11 não tem nada a ver com o de 8/1 nem com o artigo supracitado do ex-tenente — que o Exército ia expulsar e acabou se safando (e reformado como capitão) por não ter havido interesse da promotoria militar em recorrer da segunda sentença, que o absolvera da primeira por insuficiência de prova mais que provada. Coisas da justiça brasileira, no caso, da justiça militar. A acusação era de terrorismo, com planos de bombas nos quartéis e nos sistemas de água e esgotos do Rio de Janeiro. Coisa grave. Ficou por isso mesmo.
Como o ovo da serpente não foi esmagado na devida ocasião, a roda da história girou e lançou-o de vereador no RJ em 1989 a presidente da República em 2019, com a deputança federal no intervalo. Tivesse ido para o xilindró em 1989, talvez nos tivéssemos livrado do estrupício. Talvez, digo! Porque por essas bandas tudo é possível.
Recordo esse fato porque a ligação do Abominável com o terrorismo me parece umbilical. Tanto no figurado quanto no lhano sentido da palavra. E como um terror leva a outro, até se tornar banal, temos uma vasta sequência para lembrar antes deste.
Não vou cansar meus parcos leitores com uma lista infindável de eventos macabros. Vou citar apenas o assassinato do guarda municipal de Foz do Iguaçu Marcelo Arruda por um policial penal bolsonarista, Jorge Guaranho, que o atacou na festa de seu aniversário. Apenas porque a festa tinha por tema Lula e o PT, o boçal entrou atirando e gritando “aqui é Bolsonaro, morte aos comunistas”.
Ele não inventou isso. Quem inventou isso foram o Abominável, seus filhos e sua turma, instilando o ódio e a violência repetidamente na cabeça de seus seguidores. O ódio não brota espontaneamente em ninguém. Ele é trabalhado e aprimorado na cabeça de outro que os lidera, com método e claro objetivo.
Em algum momento, o veneno vai fazer o efeito desejado pelo mandante.
O país inteiro sabe quem é e quem são — porque o trabalho é de equipe. Não um, mas muitos. Já passou da hora de concluir os inquéritos. Já passou da hora de processar e julgar. Já passou da hora de pôr o mandante e seus comparsas atrás das grades.
Pois enquanto não forem todos para a cadeia, mais tolos infelizes como esse tal Tio França e boçais como o tal Guaranho vão aparecer. E no momento mais inesperado causarão uma tragédia nunca vista.
Nelson Merlin é jornalista aposentado e incrédulo.
14/11/2024
Merlin faz a gente lembrar também a bomba que explodiu no colo do sargento Guilherme Pereira do Rosário, no estacionamento do Riocentro, em 1981. Vivemos tempos em que o feitiço se volta contra o feiticeiro. Quem viver, verá, até mesmo a ‘fakeada’ de Juiz de Fora será esclarecida. Pobre Adélio, como sofreu depois da farsa!