O Broche do Imbrochável

Quem, nesse mundo de meodeos, que tivesse um tiquinho de noção de ética, moral e de bons costumes mandaria fazer um broche com os três Is e, pior, sairia por aí distribuindo pra chefes de Estado?

Já sabemos a resposta, né? E a prova veio essa semana em vídeo que mostra Eduardo Bananinha Bolsonaro, presenteando o presidente da Argentina com o “ broche dos três Is”: Imorrivel, Imbrochavel e Incomível”.

Num encontro recente em Santa Catarina que reuniu nata da imbecilidade (faltou esse i no broche), Jair Bolsonaro saca do bolso o regalo e seu filho o entrega ao não menos idiota (mais um i que poderia ter sido incluído), o aloprado milongueiro Javier Milei, 

Dudu Bananinha rasgando seus conhecimentos na língua dos portenhos começa dizendo que Víktor Orban, o babaca, digo, o primeiro-ministro húngaro também ganhou um igual assim como Putin e Trump, e tenta  explicar cada i para o presenteado, que recebe o regalo com satisfação: “mira que buena”, disse. 

O que se viu a partir daí foi uma cena de comédia pastelão de baixíssimo nível. “Porque és triple i? Porque és imorrible? Porque se fue cutichado (sic) y (não dá pra entender o resto mas deve ser algo como não morreu porque vaso ruim não quebra fácil). Imbrochable porque nunca brocha  con una mujer. Incomible porque no hai possibilidad de ser…(nesse momento Dudu faz um gesto para substituir a palavra “comido” levando a mão ao seu próprio culo).

A cada explicação se ouvia uma estrondosa gargalhada do presidente portenho, o maluco com cabelos de fazer inveja ao Guga Chacra e que se aconselha com seu cachorro morto (deve ter se inspirado no venezuelano Maduro que jurava trocar figurinhas com o espírito de Hugo Chávez que aparecia pra ele em forma de pajaritos).

Além do mau gosto em produzir esse broche para presentear comparsas da extrema-direita, Bolsonaro mostrou ser um tremendo mão de vaca. Um cara que ganhou, enquanto presidente,  jóias caríssimas de outros chefes de Nação, deveria ficar envergonhado em presentear seus ídolos com essa porcaria de lata. 

E por falar em jóias, elas não param de aparecer. 

Esta semana o ministro Alexandre de Moraes abriu a porteira do sigilo e deixou o mundo saber que, até agora, as peças de luxo que Jair Bolsonaro  ganhou e depois negociou nos Estados Unidos, está perto dos 7 milhões de reais.

Tô procurando matérias que expliquem por que o príncipe saudita Abudulazis bin laden, ops, bin Salman, deu tantos presentes caros ao nosso ex-presidente. Poderia se pensar que o príncipe via Bolsonaro como uma pessoa de fino trato e que só poderia ser agradado com jóias caras. Mas essa hipótese é muito remota. Nem com um banho de Giorgio Armani e com 20 anos de curso de etiqueta com Glorinha Kalil, Jair passaria essa impressão.

Então sobra a suspeita de que esses presentes teriam sido recompensas por ele ter proporcionado um negócio das arábias ao país do príncipe que comprou uma refinaria de petróleo na Bahia a preço de banana (desculpem usar essa expressão antiga para classificar uma coisa barata. Hoje ela não tem mais razão de ser com a banana a 10 paus o quilo!!!)

Em novembro de 2021 o governo Bolsonaro sacramentou a venda da Refinaria Landulpho Alves para o fundo Mubadala dos Emirados Árabes, por um valor muito abaixo do custo, por isso a suspeita de facilitação de negócio.

Ain, e daí? Perguntam os adoradores de mito. E a Dilma então que mandou comprar uma refinaria em Pasadena com preço superfaturado? Ceis não vão falar nada, não?

Tá certo. Negociatas sempre existiram e, pelo jeito, não vão parar de existir por aqui. Vai ter sempre um político querendo tirar sua lasquinha, só que nesse caso há uma diferença:

Não quero sair em defesa de ninguém, mas apesar de os dois envolvidos em temerosas transações serem desprovidos de significativa massa cinzenta, Dilma, ao que consta, não ganhou nem um colarzinho de bijuteria dos que saíram lucrando com esse negócio. Bobeou?

E enquanto não se apuram os fatos, vamos refletir com o pensamento do dia: “Eu acho que quem ganhar ou quem perder, nem quem ganhar nem quem perder,  vão ganhar ou perder. Vai todo mundo perder”

Reflitam muito sobre isso. Quem não decifrar o pensamento vai ganhar um broche dos três Is como castigo. 

Esta crônica foi originalmente publicada em O Boletim, em 12/7/2024. 

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