Aviso aos de fora: o Rio Grande do Sul virou a terra dos temporais e fenômenos climáticos extremos, mas aqui a média de roubos de celulares em todo o estado é de dois aparelhos por hora.
Eu disse DOIS. Por HORA!
Podem achar que uma coisa não tem nada a ver com a outra. E não tem mesmo. Mas aqui ainda se pode andar na rua falando no celular, sentar num banco da praça e falar no telefone, parar o carro junto à calçada e falar por horas sem ninguém quebrar seu vidro e levar o telefone ou sua vida.
Morram de inveja os paulistas e cariocas! Aqui ainda tem qualidade de vida.
Conheci esse detalhe dos celulares na propaganda eleitoral de uma candidata a prefeita de Porto Alegre, a neta de Leonel Brizola, Juliana Brizola, do PDT.
Torço para que ela e a outra candidata mulher à Prefeitura, Maria do Rosário, do PT, desbanquem o atual prefeito, o bolsonarista Sebastião Melo, do MDB, que pretende se reeleger após abandonar a cidade a sua própria sorte nos últimos quatro anos.
Melo e Rosário estão tecnicamente empatados na última pesquisa, divulgada nesta segunda-feira, 19/8, pelo instituto Methodus, o primeiro com 29,6% e ela com 26,8%. Juliana tem 14,1%, em terceiro lugar, e outra mulher, Fabiana Sanguiné, do PSTU, tem 0,4%. Chega de barbados incompetentes e falastrões. Porto Alegre nunca teve mulheres eleitas para a prefeitura e agora é a hora. Não só porque são mulheres, mas porque são lutadoras, competentes, apresentam bons programas de governo e querem transformar a cidade num lugar melhor para se viver.
Para Juliana, o índice de roubos de celulares ainda é alto! Imagino que para os ouvidos paulistanos e cariocas, onde os roubos de celulares devem ser de DOIS por SEGUNDO, isto soe como algo irreal. Não é. E é reflexo de um problema social grave que os barbados não souberam nem quiseram enfrentar enquanto exerceram suas funções públicas. Por sua história e origem partidária, Maria do Rosário deve pensar a mesma coisa.
Estou fechado com elas e não abro. As três juntas somam 41,3%, mais que suficiente para defenestrar o bolsonarista num segundo turno. Prefeitos, para mim e muitos outros, são mais importantes que governadores, deputados e senadores. É nas cidades que se vive — e onde se vê, cara a cara, todos os dias, o que um prefeito está fazendo ou deixando de fazer.
Além do que, como nas Olimpíadas, é a vez das mulheres! Que lutem o bom combate e nos levem a novos tempos.
Nelson Merlin é jornalista aposentado e feminista.
19/8/2024