Pelas minhas leituras, o Abominável já está escolhendo a embaixada. O problema é que para sair dali rumo ao aeroporto em Brasília vai precisar de um salvo conduto e aí o caldo pode engrossar e pegar no fundo da panela.
Não me cabe dar conselhos a foras-da-lei, mas, aqui entre nós, se ele quiser escapar das grades poderia pegar um jatinho numa fazenda do agro e se mandar para a Argentina, ao sul, ou a Venezuela, ao norte — os únicos países do Cone Sul com governos autoritários de direita e com os quais temos fronteiras. É um pulinho.
A Venezuela (que é de direita, sim, nunca foi de esquerda) está rompida com o Brasil e acho que daria asilo a ele só para provocar mais uma milonga com o governo Lula. A Argentina é uma opção perigosa, basta olhar para o que estão fazendo com os pobres foragidos bolsonaristas, coitados. Sempre achei aquele sujeito a cara do Amigo da Onça. Acho que pode até dar prisão domiciliar para ele, para não provocar uma crise com o Brasil, que abraçou a causa da embaixada Argentina em Caracas.
Viram a diferença entre a Venezuela e a Argentina? É claro que a Venezuela é a melhor saída. Pensem bem!
Mas tem uma terceira opção: pegar o jatinho e ir direto para a Disney. O problema é que o novo governante das terras de Tio Sam só toma posse em 20 de janeiro. Acho que ele não vai querer esperar tanto tempo.
A quarta e última opção que antevejo é pegar o jatinho, atravessar o Atlântico e desembarcar nas Europas. Em Lisboa, onde o primeiro-ministro agora é de direita, ou na Hungria, onde o manda-chuva também é de direita faz tempo, ou na França, onde o primeiro-ministro é igualmente de direita. O problema é que na França, o Macron e a primeira-dama Brigitte vão torcer o nariz. Mas pode ser bom também desembarcar na Itália. Que tal? A primeira-ministra é neta do Mussolini, olha que boa! Mas acho que a Itália não quer barulho com o Brasil, ante a grande quantidade de veículos que produz ou vende por aqui com as marcas Fiat, Jeep, RAM, Ferrari, Lancia, Alfa Romeo, Maserati, Dodge etc… fora poderosas motocas e jetesquis que ele tanto admira. Já pensou se o governo Lula sobretaxar a Fiat, como Trump diz que vai fazer com a China, o México, o Canadá e meio mundo, até o Brasil?
Enfim, se não gostou de nenhuma das ideias, o Abominável pode ficar por aqui mesmo, pois se ficar de boca fechada só vai pegar uma cana quando o processo tiver sido julgado n vezes, com n recursos protelatórios e, por fim, transitado em julgado após décadas (vide Collor), quando Inês já estará morta.
Nelson Merlin é jornalista aposentado e (mau) conselheiro nas horas vagas.
28/11/2024