Algo de podre

Há algo de podre no reino de Elon Musk. Se não no império, à moda Hamlet, dentro da cabeça dele. Autista e bipolar, o bilionário está vendo a Tesla e o X irem de mal a pior. Talvez sejam momentos passageiros (às vezes sou um otimista desvairado), mas os portadores dessas condições não distinguem o presente do futuro. Subitamente, soltou seus cachorros e fantasmas na cúpula do Judiciário brasileiro, vendo ali a causa de seus males.

A indústria automobilística chinesa, a maior do planeta mesmo para quem não gosta, está a um passo de mandar a Tesla e seus frágeis elétricos problemáticos para o brejo. Não por reta intenção, mas porque Tesla não é mais que um bagrinho do brejo ante as baleias chinesas do setor. Não há nada que se possa fazer quando chega um tsunami. 

O tal X, por sua vez, já cavou rombos de bilhões nos subterrâneos do império Musk. Não por razões de mercado, mas porque seu proprietário inventou de guinar para a extrema direita trumpista uma plataforma que era politicamente neutra antes de adquiri-la por US$ 42 bi. E, não contente, jogou o nome consagrado na lixeira, renomeando-a com o símbolo matemático da dúvida. 

Não foi um tiro no pé, mas bem mais para cima.

Mas talvez não seja nada disso. Talvez simplesmente tenha resolvido desembarcar do Brasil e, para não dar na vista, quebra o pau com o STF para sair de vítima perseguida, muito ao gosto de Trump e do Coiso. Vai saber…

O que sei e todos veem é que agora, como um Dom Quixote de la Mancha ressuscitado da Idade Média, vocifera contra as multas salgadas do ministro Xandão, só para levar outras muito mais pesadas caso vire as costas para as decisões dele, como apregoa. 

É inédito que um ricaço estrangeiro desafie a Suprema Corte brasileira porque seus negócios não vão bem. Mais inédito ainda é um ricaço estrangeiro mentalmente instável que se insurge contra nossas instituições ter o apoio impatriótico de militantes da extrema direita brasileira. Pois é, vale tudo para comer no prato da direita em ano eleitoral…

Certamente, por razões da geografia e territorialidade, o destino de Musk por incentivar o crime das fake news, do ódio, calúnia e difamação, travestidos de liberdade de expressão, não será a Papuda, mas sim o de seus representantes comerciais no Brasil. 

Esses pagarão com as grades e os bolsos as insanidades de seu patrão. Mas há sempre o tempo de se jogar nos barcos de emergência antes que a barca afunde. Que abram o olho, porque as companhias telefônicas no Brasil já receberam o aviso para ficarem de prontidão, à espera de ordens para cortar o sinal do tal X por aqui. 

Está com todas as letras no despacho do Xandão. É bom o Musk acreditar, porque os prejuízos do cancelamento do sinal serão muito maiores que as multas e as prisões de seu pessoal.

 Até rimou…

Nelson Merlin é jornalista aposentado e sempre estupefato. 

9/4/2024

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