A Capitã América

Se não tem Mulher Maravilha, vamos então de Capitã América! Michelle Obama deixaria Trump na poeira logo de cara, mas Kamala Harris não decepciona. Até domingo passado não estava no páreo e agora, quatro dias depois, dispara como uma heroína da Marvel. 

No seu terceiro dia como pré-candidata, pesquisa da CBS dá a ela, entre os eleitores negros, nada menos que 55 pontos de vantagem sobre Trump (72% a 21%)! Entre os jovens em geral, de 17 a 29 anos, ela aparece com 25 pontos à frente (62% a 37%)! E no eleitorado total, sua vantagem sobre Trump é de belos 5 pontos (52% a 47%)! Em três dias! Nada mau para um começo de campanha tão atrapalhada como esta do Partido Democrata. 

Kamala tem muito espaço pela frente para fazer mais e mais votos. Trump, que é candidato há muito tempo, além de já ter tido um mandato de presidente, está batendo  no teto. 

Kamala é o novo, esbanja jovialidade e carisma, é moderna e progressista. Trump é o velho demagogo reaça, mentiroso e incompetente de sempre, agora com um furo na orelha para comemorar não se sabe bem o quê. Impossível de arrastar multidões como ela. 

O voto popular não decide eleição nos EUA, mas influi fortemente na mídia, nas convenções partidárias e no voto dos delegados em cada Estado. 

A disparada de Kamala em tão poucos dias é acachapante e deixa  Trump e sua campanha com as melenas em pé. Se quiser fazer frente a Kamala, terá que mudar urgentemente de vice. Enquanto ela tem uma coleção de nomes populares e respeitáveis para escolher, Trump pegou um que só convence eleitor trumpista idiota ou muito bobo. 

É mais do mesmo. J. D. Vance já foi tudo na vida, até mesmo defensor do meio ambiente, esquerdista e anti-Trump. Agora, faz papel de surfista de ondas grandes da extrema direita. Trump parece tê-lo escolhido para não lidar com rival ou voz discordante no seu grupo mais seleto. Ficou traumatizado com Mike Pence, que parecia tão bonzinho e virou uma pedra no sapato. 

Agora, Trump não tem ninguém com a cabeça no lugar ao seu lado. É uma chapa de doidos. A última do chefe foi “demitir” a Kamala. Ele faz campanha como se ainda fosse um astro canastrão da TV.  

Ante um adversário desses, Kamala surge como algo único e incomparável: mulher, negra, filha de imigrantes pobres da Jamaica e da Índia, bonita e de sorriso franco, advogada, experiente procuradora- geral da Califórnia, e dura na queda. 

Melhor do que isso para enquadrar um escroque com longa folha corrida na Polícia e no Judiciário só a Mulher Maravilha. Mas Kamala já mostrou que não veio para brincadeiras. O riso é um disfarce. Ela está com a faca entre os dentes. E vai pegar o loiro canastra pelas orelhas. 

Enquanto as tiver… 

Nelson Merlin é jornalista aposentado e velho leitor dos gibis da Marvel de Stan Lee. 

25/7/2024

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