Ou Faça-me Seu, em português, é o nome do programa de combate às doenças sexualmente transmissíveis adotado pelo governo da Argentina.
Muito natural que um Ministério da Saúde lance um programa de combate a vários tipos de doenças, entre elas as chamadas Doenças Sexualmente Transmissíveis.
É muito natural também que o governo distribua camisinhas à população e até remédios para quem já contraiu algum tipo de doença. Até aí tudo bem.
Mas daí tirar 500 milhões de pesos (R$ 15 milhões) dos cofres públicos para a compra de lubrificante (sim, é isso mesmo: lubrificante) para as partes íntimas são outros quinhentos.
O fato ocorrido na vizinha Argentina, esta semana, chamou a atenção da imprensa e causou revolta na população e nos profissionais da Saúde, que reclamam das péssimas condições dos hospitais, da falta de insumos e dos baixos salários, decorrentes do parco recurso do governo destinado à área.
O responsável pela Saúde de Buenos Aires, Nicolás Kreplak, acabou indo parar na mídia por causa dessa compra inusitada. Foi duramente criticado mas se defendeu dizendo que está “cumprindo a lei” e “cuidando da população”.
Convenhamos, é no mínimo curioso esse método de prevenção adotado pelo Ministério da Saúde argentino. E a pergunta que se faz é: Como poderia um lubrificante estar protegendo alguém de uma DST? Segundo ele, esse produto reduz as chances de rompimento da camisinha durante o ato sexual. Ahn?
Vem cá, Nicolás, não seria mais eficiente e menos custoso aos cofres públicos adquirir camisinhas de qualidade que não se rompessem na hora do vamo vê?
Haceme un favor, señor! Não brinca assim com a inteligência das pessoas.
Trilhando mais ou menos o mesmo caminho, aqui já puseram nas nossas costas, pra não dizer em outro lugar, um total de R$ 3,5 milhões gastos na compra de 60 próteses penianas infláveis, em tamanhos que variam de 10 a 25 centímetros (uau! Essa deve ter sido reservada para a mais alta patente impotente) adquiridas pelo Exército Brasileiro, em pregão realizado em 2021.
Não disseram a quem foram destinadas as tais próteses e não explicaram por que a população tem de pagar para que militares armem os seus próprios circos. Se suas bandeiras andam hasteadas a meio-pau o problema é deles. Não temos nada a ver com isso.
Na mesma ocasião, 35.320 comprimidos de Viagra foram comprados para atender às Forças Armadas, que pelo jeito não são tão armadas assim.
Disseram que o remédio azulzinho muito conhecido por tratar da disfunção erétil foi comprado para tratamento de Hipertensão Arterial Pulmonar e deram o assunto por encerrado.
Nenhum relatório médico foi apresentado sobre a eficiência do azulzinho no tratamento da HAP, mas supõe-se que os pacientes do Hospital do Exército que tenham recebido essa medicação, estejam passando bem e que suas companheiras ou companheiros estejam plenamente satisfeitos com o tratamento.
Como vimos, membros (epa!) de governos pouco afeitos à seriedade estão sempre dando um jeito de introduzirem seus anseios na retaguarda do povo.
A diferença entre o que aconteceu agora na Argentina e antes no Brasil é que lá, pelo menos, é com lubrificante.
Este artigo foi originalmente publicado em O Boletim, em 6/1/2023.