Desterro

 Os juízes votaram pela inelegibilidade. Eu voto pelo desterro. Sou pela punição à moda antiga, dos tempos AD ou AC, de Sólon, Platão, Aristóteles e demais ilustres cidadãos da Magna Grécia. O desterro era a punição de máxima humilhação para os que infringissem as leis da democracia na Grécia Antiga.

Adiciono ao desterro a multa, que é o que mais deve doer no coração do desterrado. Não sei se Sólon aboliu a multa, ou algo assim, quando liberou da escravidão o grego endividado que não pagava suas dívidas. Tornava-se escravo de seu credor. Sólon achou que isso era degradante. Talvez achasse degradante também a multa pelo desterro, que já estava de bom tamanho. 

Eu acho que não. Nos tempos atuais, a multa é um complemento necessário, e quanto mais pesada melhor, mesmo que o malfeitor tenha devotos em número suficiente para juntar o dinheiro com alguns milhares de Pix, inclusive o do Queiroz. 

Não importa ao desterrado ser, como diz ex-aliado, um cafetão — perdido por um, perdido por dez. O que ele quer é não pagar e então aproveitar a existência de trouxas aos magotes para pagar por ele. 

Por isso, sou também a favor da proibição da vaquinha com desvio de função. Para ajudar hospital ou instituição de caridade, tudo bem. Mas para dar dinheiro a cafetão, lá isso não, é desvio de função! 

Então, assim fica completo: desterro, multa e descafetinação. 

Isto posto, mutatis mutandi, alguém precisa informar  ao presidente Luiz Inácio que defunto de boa memória, tudo bem. Mas defuntos como Chávez e Castro devem ser esquecidos para sempre. Chávez era um milico sem instrução com delírios megalomaníacos. Castro, um revolucionário de boa estirpe, mas que se transformou num governante que abraçou a tirania tanto quanto seu antecessor. 

Cada pisão no tomate — como aconteceu no Foro de São Paulo na semana passada ou quando disse que a democracia é algo relativo, em mais um afago incompreensível a Nicolás Maduro — é um gol contra a democracia e a favor dos trogloditas, a duras penas derrotados no ano passado, mas não extintos. 

Nelson Merlin é jornalista aposentado e radical. 

6/7/2023

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