Sempre que alguém que bebeu pra lá da conta comete um desatino, põe a culpa na marvada da cachaça que costuma provocar um apagão mental em doses excessivas.
Já quem só toma leite condensado prefere pôr a culpa na morfina mesmo.
Essa foi a desculpa esfarrapada que a defesa de Jair Bolsonaro arranjou para tentar livrar a cara dele no caso do vídeo que postou em 10 de janeiro deste ano sobre a “fraude” na eleição presidencial. Na postagem ele disse que Lula não foi eleito pelo povo mas pelo serviço eleitoral junto a ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) e TSE (Superior Tribunal Eleitoral).
A cagada, digo a postagem foi apagada. mas antes viralizou nas redes sociais e a gadaiada aplaudiu de pé dando total apoio ao “dopado”. Segundo a defesa, quando Bolsonaro fez a publicação, estava sob efeito da morfina que teria recebido durante o tratamento de mais um entupimento intestinal (o dele fica na cabeça) que teve lá nos Estados Unidos.
Fui consultar o tio Gugo pra saber dos efeitos colaterais da tal medicação e descobri que ela pode causar tontura, náusea, vômitos, entre outros desconfortos físicos, e em casos mais graves pode também causar confusão mental. Foi aí que se agarraram seus defensores. Só se esqueceram de que o homem passou a campanha eleitoral inteira propagando fake news sobre fraude eleitoral mesmo não estando sob tratamento com morfina.
Em julho de 2022 fez até uma reunião palaciana com embaixadores de vários países pra dizer que as urnas eletrônicas poderiam ser facilmente fraudadas, embora já tivesse todas as provas de que isso não era possível.
Em fevereiro deste ano, durante um culto religioso lá em Boca Raton (não combina com ele esse nome?), na Flórida, agradeceu ao tratamento carinhoso recebido dos fiéis, “ainda mais para quem, pelo menos diante do TSE, não conseguiu ser reeleito”.
Pelo jeito a morfina rola solta na casa dos Bolsonaro.
Michelle irá também alegar que estava sob efeito da droga quando recebeu pessoalmente um estojo contendo jóias caríssimas lá no Palácio da Alvorada e por isso não comentou com ninguém na época? Teria tido um apagão mental?
Hoje, descoberta, saiu falando por aí que, quando disse que não sabia das jóias, estava se referindo às femininas que ela teria recebido de presente de um príncipe encantado, e não dessas masculinas que recebeu em mãos, destinadas ao seu marido.
Ah, essa morfina!
Já na atual gestão presidencial, os assessores precisam sair correndo a toda hora para apagar os incêndios provocados pelas falas do Luiz Inácio.
Seu posicionamento sobre a invasão da Ucrânia pela Rússia deu e continua dando muito trabalho a eles.
Uma hora Lula vem dizendo que quando um não quer dois não brigam (fala isso pras vítimas de estupro, cara!), outra hora responsabiliza os Estados Unidos e a União Europeia pela guerra, como fez em entrevista no último dia 16 em Abu Dabhi, nos Emirados Árabes: “O presidente Putin não toma iniciativa da paz. O Zelensky não toma iniciativa da paz. A Europa e os Estados Unidos terminam dando contribuição para a continuidade dessa guerra”.
E pra selar seu estoque de besteiras disse durante o encontro com o premiê buniton espanhol Pedro Sánchez que não sabe de quem é a Crimeia e que eles que se f.. , ops, que se entendam por lá porque não vai ser ele que vai resolver essa questão. Isso depois de ter sugerido que a Ucrânia deveria dar a Crimeia para o Putin.
Ah, essa marvada!
Esta crônica foi originalmente publicada em O Boletim, em 28/4/2923.