Vou votar em Simone Tebet (MDB) para presidente da República com a segurança de estar fazendo a coisa certa. Com esperança, alegria e orgulho.
No primeiro turno de 2018, pela primeira vez numa eleição majoritária desde 1990, não votei no candidato do PSDB – que na ocasião era Geraldo Alckmin. Nada contra ele – até porque não sou adivinho e não poderia imaginar os caminhos que esse senhor tomaria em 2022. Votei em Ciro Gomes (PDT), porque estava em terceiro lugar nas pesquisas, vinha subindo e era quem tinha condições, ao menos teoricamente, de chegar ao segundo turno, impedindo que a opção final ficasse entre Jair Bolsonaro e o candidato do lulo-petismo, Fernando Haddad.
Este ano, até aqui, as pesquisas indicam que deverão ir para o segundo turno Lula e Bolsonaro – se Lula não levar logo de cara.
A não ser que nos próximos quatro meses aconteça o que tudo mostra ser impossível, e as pesquisas apontem que Bolsonaro poderá levar já no primeiro turno, vou de Simone Tebet.
Voto em Simone Tebet mesmo se Ciro Gomes continuar em terceiro lugar, e ela estiver em quarto.
Acredito que será ela que estará em terceiro. Espero, torço – e acredito que há perfeitas condições para que isso aconteça.
Mas, mesmo se ela estiver em quarto lugar, voto nela.
Porque é a melhor candidata.
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O Globo desta sexta-feira, 3/6, trouxe uma reportagem sobre como votou, nos últimos anos, a senadora Simone Tebet. E dá uma dezena de exemplos.
Pois eu concordo com todos, absolutamente todos os votos dela. Correspondem ao que eu penso, o que eu acho que é o certo, o justo, o melhor.
O título do jornal foi “Tebet votou a favor do governo na economia e contra nos costumes”. Com a experiência de quem passou mais de 35 anos fazendo títulos em jornais e revistas, me parece que é a rigor correto. Há nele um esperto viés polêmico, que chama a reação que seria de se esperar da imensa maioria dos leitores, se não a totalidade – ah, mas então ela votou a favor do governo??? Mas que droga!!!
Não é um título puxa-saco, chapa-branca, pró-Simone. Ao contrário. Porque, cá pra nós, bolsonarista não lê jornal independente, O Globo, O Estado, a Folha. Bolsonarista não lê jornal – quem lê jornal são os que estão nos outros 70%, 75% do país. Então, para boa parte dos leitores, esse título de fato dá uma idéia negativa sobre os votos da senadora.
A questão é que – ao contrário do que entendem as arquibancadas do Fla-Flu ideológico – às vezes votar a favor de uma proposta que tem o apoio do governo de plantão não é bola fora. Ao contrário: é gol.
Eis os casos citados na reportagem de Bianca Gomes no Globo desta sexta-feira como sendo “projetos do governo” que tiveram o voto de Simone Tebet:
– reforma da Previdência:
– autonomia do Banco Central;
– novo Marco Legal do Saneamento Básico;
– Lei da Liberdade Econômica.
Todos esses casos mereciam a aprovação de um bom parlamentar. Mesmo se tivessem sido apresentados por Belzebu em pessoa, ou por Jair Bolsonaro, que é um pouco pior que Belzebu em pessoa, mas esse detalhe não importa. A reforma da Previdência não foi um projeto do atual desgoverno, como todos sabemos, e a autonomia do Banco Central vinha sendo discutida há anos e anos.
Só o lulo-petismo e seus satélites, com aquele esquerdismo infantil deles, poderia ser contra esses projetos.
Em todos eles Simone Tebet votou certo. Votou a favor do Brasil.
Aí a matéria lembra que a senadora votou contra a medida provisória que abria caminho para a privatização da Eletrobrás. E explica: “Embora seja favorável à venda da estatal, a senadora diz não concordar com as mudanças feitas no Congresso no projeto — os chamados ‘jabutis’.”
Mais um voto certo, mais um voto a favor do Brasil.
Privatizar é bom, privatizar é o caminho, privatizar é necessário – estão aí as privatizações feitas no governo Fernando Henrique Cardoso para comprovar isso. De novo: só o esquerdismo infantil do lulo-petismo ou da metralhadora giratória de Ciro Gomes pode ser contra a desestatização a esta altura da vida, 2022, meu Deus do céu e também da Terra, mais de 100 anos depois de 1917, mais de 30 anos depois que o Império Soviético ruiu feito castelo de cartas.
Agora, tem que privatizar bem. Direito. Com competência – algo de que este desgoverno passa longe, que nem o diabo da cruz. E sem jabuti, sem artigo pra favorecer rei do gás ou quem quer que seja, a não o povo, a maioria da população.
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Simone Tebet votou certo em todos os exemplos de matérias econômicas citados na reportagem do Globo.
O que importa não é que Tebet votou a favor do governo, ou com os governistas. O que importa é votar pelo que é melhor para o país – mesmo que aquele projeto especificamente tenha o apoio de Belzebu, ou desse B. que é pior do que o Diabo em pessoa.
Bem, e aí vêm as pautas comportamentais.
– Simone Tebet ajudou a derrubar decreto que facilitava a flexibilização de posse e porte de armas;
– O projeto do ensino domiciliar, já aprovado na Câmara do diabólico, belzebuzento Arthur Lira (PP-AL), ainda não foi a votação no Senado, mas Simone Tebet já disse que é contra;
– A senadora já se manifestou contrária à proibição do que o bolsonarismo chama de ensino de “ideologias de gênero” nas escolas;
– Como diz a matéria, a senadora “ajudou a derrubar vetos do governo ao projeto que garante acesso à internet a alunos e professores da rede pública e a outro que prevê a distribuição gratuita de absorventes a estudantes dos ensinos fundamental e médio”;
– E, também como diz a matéria de Bianca Gomes, Simone Tebet “já fez acenos na direção de ambientalistas e organizações do terceiro setor. Em seu plano de governo, a senadora fala em ‘revogaço ambiental’ e ‘economia verde’.
– Quanto à cultura: “Recentemente, votou a favor da Lei Aldir Blanc 2, que cria uma política permanente para o setor cultural, e da Lei Paulo Gustavo, que libera R$ 3,86 bilhões do Fundo Nacional de Cultura (FNC) para fomento de projetos culturais. Ambas foram vetadas por Bolsonaro.”
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Ou seja: 100% de acerto!
Se eu fosse parlamentar, teria votado e me expressado exatamente como Simone Tebet em todos esses casos, sobre todos esses temas.
Ela me representa!
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Deixei para o fim o tema que talvez seja o mais controverso, mais polêmico de todos, a questão do aborto.
A repórter Bianca Gomes apresentou a coisa assim:
“A única pauta que ambos (o governo e a senadora Simone) se aproximam no campo ideológico é o aborto, do qual a senadora se diz contra a legalização, exceto nos casos já previstos em lei, mas defende um debate via Congresso. Em levantamento do Globo feito em maio com todas as parlamentares do Congresso, ela foi uma das quatro que não quiseram se posicionar sobre o tema.”
Ahnnn… Há aí, creio, uma certa forçação de barra, um certo afastamento da realidade dos fatos – bastante perceptíveis, na verdade.
Não teria sentido, é claro, haver uma reportagem pró-Simone Tebet, puxa-saco, chapa-branca. Mas esse trecho do texto tem distorções – e digo isso, com perdão pela repetição, com a experiência de mais de 35 anos em boas redações de jornais, revista, agência de notícias.
Conforme admite o próprio texto, Simone Tebet não é contra o direito ao aborto nos casos já previstos por lei. E defende que haja um debate no Congresso quanto à legalização do direito ao aborto em outros casos que não os já previstos por lei – embora já adiante que ela, pessoalmente, é contra.
Portanto, as próprias afirmações da repórter desmentem que a senadora esteja próxima do campo ideológico do bolsonarismo. A extrema direita babante que é o bolsonarismo se alia ao que há de mais retrógado e radical entre os xiitas religiosos, e eles são contra o direito ao aborto em toda e qualquer circunstância, e defendem a criminalização da mulher que deseja fazer o aborto – mesmo que o filho seja seja resultado de um estupro, ou que vá nascer sem cérebro.
Vou votar em Simone Tebet para presidente da República com orgulho. Essa mulher me representa.
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Eis a íntegra da reportagem:
Tebet votou a favor do governo na economia e contra nos costumes
Por Bianca Gomes, O Globo, 3/6/2022
Pré-candidata à Presidência pelo MDB, a senadora Simone Tebet (MS) votou a favor das principais pautas econômicas do governo Jair Bolsonaro (PL). Entre elas, a reforma da Previdência, a autonomia do Banco Central, o Novo Marco Legal do Saneamento Básico e a Lei da Liberdade Econômica.
Um das poucas exceções de voto contrário ao governo na área econômica foi a medida provisória (MP) que abria caminho para a privatização da Eletrobras. Embora seja favorável à venda da estatal, a senadora diz não concordar com as mudanças feitas no Congresso no projeto — os chamados “jabutis”.
As convergências com o governo estão mais restritas à área econômica uma vez que Tebet se considera liberal, apesar de contrária à privatização da Petrobras. Na cultura, por exemplo, a senadora tem ido na contramão do governo. Recentemente, votou a favor da Lei Aldir Blanc 2, que cria uma política permanente para o setor cultural, e da Lei Paulo Gustavo, que libera R$ 3,86 bilhões do Fundo Nacional de Cultura (FNC) para fomento de projetos culturais. Ambas foram vetadas por Bolsonaro.
Tebet também diverge quando o assunto são os costumes. Em junho de 2019, ela ajudou a derrubar um decreto de Bolsonaro que ajudava a flexibilizar a posse e porte de armas no país. A senadora ainda se diz contrária a duas bandeiras caras ao atual presidente: o ensino domiciliar, cujo texto-base do projeto foi aprovado na Câmara, e a proibição do que Bolsonaro chama de ensino de “ideologia de gênero” nas escolas. A única pauta que ambos se aproximam no campo ideológico é o aborto, do qual a senadora se diz contra a legalização, exceto nos casos já previstos em lei, mas defende um debate via Congresso. Em levantamento do GLOBO feito em maio com todas as parlamentares do Congresso, ela foi uma das quatro que não quiseram se posicionar sobre o tema.
A emedebista foi favorável às principais pautas educacionais aprovadas pelo Congresso, como a criação do Novo Fundeb e a instituição do Sistema Nacional de Educação (SNE), apelidado de “SUS da Educação”. Ela ainda ajudou a derrubar vetos do governo ao projeto que garante acesso à internet a alunos e professores da rede pública e a outro que prevê a distribuição gratuita de absorventes a estudantes dos ensinos fundamental e médio.
Embora o Senado ainda não tenha apreciado as principais pautas que dizem respeito ao agronegócio e ao meio ambiente, Tebet já fez acenos na direção de ambientalistas e organizações do terceiro setor. Em seu plano de governo, a senadora fala em “revogaço ambiental” e “economia verde”.
Apesar de estar ligada ao agronegócio, no âmbito parlamentar, Tebet não assinou o requerimento da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) pedindo a aceleração da tramitação do chamado “Pacote de Destruição”, conjunto de projetos de lei em tramitação no Congresso que falam, por exemplo, em permitir o garimpo em terras indígenas. Tebet também ajudou a coletar assinaturas para requerer a tramitação do PL da Grilagem na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), atendendo a pedido da Coalização Brasil Clima Florestas e Agricultura.
3/6/2022
A foto é de Dida Sampaio/Estadão.