A semana começou no último domingo com um troca-troca de insultos e tapas, lá na entrega do Oscar, mas o assunto já foi bem comentado, então nem vale a pena voltar a ele. Sobre isso só ficou a constatação de que afinal nem todos hate Chris assim como nem todos love Raymond, digo, Will.
Aqui começou o troca-troca nos ministérios e nos cargos públicos.
Quando a gente começa ver a lista do rebanho saindo em busca de outros pastos até dá um certo ânimo, achando que estamos nos livrando de todo o mal, amém.
Doce ilusão, porém. Sai roto, entra rasgado e ainda vamos ter de aturar muitos deles na Câmara dos Deputados ou no Senado.
A pedido de Bolsonaro, Damares Alves se filiou ao Republicanos e, a princípio, deveria ser candidata a senadora pelo Amapá, mas nesta quinta-feira, em visita ao Macapá, disse que não é candidata a nada, que seu negócio é batucada, ops, que quer “começar uma jornada de mudança por todo o Brasil”. Mas como ninguém deixa um Ministério pra ficar trepando em goiabeiras país afora, é possível que ainda se candidate a alguma vaga na Câmara. Daí deverá aproveitar sua “jornada de mudança” para batalhar votos dos “príncipes” e das “princesas”, desde que não pertençam a nenhuma comunidade gay, é claro.
Marcos Pontes, o astronauta, vai tentar uma vaga de deputado federal por São Paulo. Deixou o cargo de ministro da Ciência, Tecnologia e Inovações ainda prometendo a tal vacina genuinamente brasileira para sair correndo pegar seu lugar no futuro e, assim, garantir que sua carreira política não vá pro espaço.
Outro que quer ser candidato a deputado federal por São Paulo (esse Estado tá virando curva de rio) é o “terror dos afromimizentos”, Sérgio Camargo, hoje ex-presidente da Fundação Palmares.
Pela peculiar “simpatia”, pelas frases que disse e pelas atitudes polêmicas que tomou ao longo do tempo em que esteve ocupando o cargo, é provável que não se eleja nem pra síndico de prédio. (Faz por merecer.)
Onyx Lorenzoni, o tapa-buraco do governo Bolsonaro (já ocupou vários cargos diferentes nesta gestão), quer ser governador do Rio Grande do Sul pelo mesmo partido do presidente. Apesar de seu trabalho irrelevante até agora, desponta como favorito na disputa com o cloroquinento Luiz Carlos Heinze, em pesquisa publicada ontem numa edição do grupo A Hora. Blergh, tchê!
Não dá pra falar de todo mundo que tá saindo pra garantir uma boquinha, porque é uma debandada de baciada, mas tem um que merece destaque, especialmente no dia de hoje em que alguns alienados e muitos que defendem ditaduras estão em festa. Nesse fatídico 31 de março, data em que foi aplicado o golpe militar que deu início à ditadura, o ministro da Defesa Braga Neto me sai com uma nota oficial dizendo que o “movimento (era gópi mesmo) refletiu os anseios e aspirações da população da época”, que todos apoiaram a tomada do poder pelos militares “para impedir que um regime totalitário fosse implantado no Brasil”. (Regime totalitário só serve para o comunismo? Que nome se dá a uma ditadura de direita, seu Brega?). E que esses (longos) 21 anos em que estiveram no poder deixaram um “legado de paz e de democracia”.
Ô vontade que dá de responder teu c*, mas no lugar vou sugerir que ele diga isso às famílias dos torturados, assassinados e desaparecidos durante o regime.
E, aproveitando o ensejo, gostaria de deixar um recado para o defensor do AI-5, o deputado pitbull Daniel Silveira, que tá espumando por ter de colocar a tornozeleira eletrônica: Se você tivesse vivido durante o regime que defende e tivesse saído da linha por algum motivo, já teria virado “presunto” – que era como as polícias da repressão se referiam aos cadáveres produzidos por elas.
Melhor ir parando por aqui porque hoje tô virada no jiraya, seja lá o que isso for. Fui!
Esta crônica foi originalmente publicada em O Boletim, em 1º/4/2022.