Os buxixos mais fervilhantes desta semana giraram em torno do presidente e candidato Jair Bolsonaro e do ex-presidente e também candidato Luiz Inácio Lula da Silva.
O primeiro, por conta do seu veto à Lei Paulo Gustavo (nome dado em homenagem ao ator que morreu ano passado vítima de Covid), que destinaria R$ 3,8 bilhões para o setor cultural, um dos mais afetados pela pandemia com a forte colaboração desse governo federal que, pelo que tem demonstrado, não é muito afeito à área. Basta lembrar que mesmo antes de sua posse, já em novembro de 2018 o então eleito presidente da República transformou o Ministério da Cultura em Secretaria. De lá pra cá tivemos, entre outros, secretário nazista, secretária deslumbrada, secretário capa de revista masculina e daí pra baixo, revelando seu total desprezo pela cultura de um modo geral.
Com a mesma Bic que assinou o aumento do Fundo Partidário para R$ 4.9 bilhões, Bolsonaro agora veta a lei previamente aprovada pelo Senado em 15 de março último, por “não se atrelar ao interesse público”.
Quer dizer que Fundo Partidário é de interesse público, seu Jair? Sei!
Lula, por sua vez, pauloguedesou e declarou nesta quarta-feira que a elite é escravista e que a classe média ostenta padrão acima do necessário. Ahn?
Logo após mexeu num vespeiro incitando a militância a invadir as casas dos parlamentares para fazer pressão quando quiserem alcançar suas reivindicações: “…se fosse (sic) 50 pessoas na casa do deputado. Não é pra xingar, não, é pra conversar com ele. Conversar com a mulher dele, com o filho dele, incomodar a tranquilidade dele”. (Deputados bolsonaristas rebateram dizendo que os petistas serão recebidos a tiros.)
Passado o efeito 51, Lula disse pelo menos uma coisa séria na semana: que o aborto é problema de saúde pública.
Falou isso com uma finesse rinocerôntica, mas falou. Comparou as mulheres pobres que “cutucam seus úteros com agulha de crochê enquanto as madames vão pra Paris ou Berlim fazer abortos em clínicas especializadas”. Errado ele não está, considerando que o SUS faz por ano, mais de 80 mil procedimentos para reparar abortos mal sucedidos, sem contar com o número de mulheres mortas em consequência do ato.
Por mais que a Damares Alves se vire no túmulo quando o assunto é esse, realmente é um tema a ser debatido, já que as consequências provocam sofrimento direto às vidas de milhões de pessoas, além de um baita prejuízo aos cofres públicos. Mas certamente seu adversário vai aproveitar a situação pra dizer aos fiéis o quanto desaprova a prática, embora ele mesmo já tenha sugerido à sua ex-mulher Ana Cristina Valle que interrompesse a gestação do seu quarto filho Jair Renan. (Se bem que, nesse caso… Cale-se, Vera).
Mas com essa bola rolada pelo Lula, é bem provável que agora mude a versão e diga o quanto tentou convencê-la de que poderiam produzir mais um filho lindo, esperto, inteligente, e, quem sabe, um futuro político que desse continuidade aos negócios das rachadinhas instituídos pela família.
Porém, como aqui faço papel de relatora, pouco se me dá quem ganha ou quem perde com atos e palavras nessa disputa presidencial entre esses dois.
No momento tô mais interessada em saber o que vai sair do encontro entre MDB, PSDB, União Brasil e Cidadania, marcado para o dia 18 de maio. Torço para que os candidatáveis Simone, João (ex-Doria), Bivar e Leite desçam do salto e calcem as sandálias da humildade. E se não sair o nome de um único candidato que seja então de uma junta. Que tal SijoBiLei?
Brincadeiras à parte, qualquer coisa tá valendo pra não ter de ouvir mais os repetidíssimos argumentos: Se você não votar no Bolsonaro, o Lula volta. Ou: Se você não votar no Lula, o Bolsonaro permanece por mais quatro anos.
Já deu!
Esta crônica foi originalmente publicada em O Boletim, em 8/4/2022.