Bonner & Renata: Uma Rajada de Balas!

Pela repercussão da claque bolsonarista nas redes sociais, os jornalistas William Bonner e Renata Vasconcelos são dois perigosos pistoleiros dispostos a matar o entrevistado.

A primeira “vítima” do casal foi Jair Bolsonaro, que só compareceu mediante acordo com a emissora de que não seria interrogado sobre as rachadinhas da família, sobre o Queiroz e sobre os R$ 89 mil que sua rachadinho, ops, esposa recebeu dele.

De resto concordou que responderia a qualquer pergunta. Só não se comprometeu a dizer a verdade, e por isso ficou à vontade em mentir em quase todos os 40 minutos que durou a conversa, conforme checagem feita pelo G1.

Disse, por exemplo, que nunca xingou ministros do STF, que isso era uma fake news do Bonner. Só que xingou e todo mundo ouviu ele chamando Alexandre de Moraes de canalha ou leu sua postagem, antes de ser apagada, se referindo ao ministro Barroso como “aquele filhodaputa”.

Mentiu quando disse que nunca debochou de pacientes de Covid morrendo de falta de ar. Só que todo mundo viu a live em que ele imita uma pessoa sem ar.

Mentiu quando falou que comprou as vacinas tão logo começou a pandemia. Só que todo mundo sabe que ele negligenciou as ofertas de Pfizer e só comprou o imunizante depois que seu desafeto da calça apertada soltou a Coronavac produzida pelo Instituto Butantã.

E mentiu também em várias outras “cuestões”, inclusive reafirmando que em seu governo não há corrupção. Só que todo mundo sabe que, entre outras coisas, compras de vacinas estavam sendo articuladas por baixo dos panos mediante altas propinas e que pastores evangélicos se beneficiavam com gordas quantias de dinheiro saídas do Ministério da Educação através de seu ex-ministro terrivelmente religioso e disparador de arma de fogo em aeroporto, nas horas vagas, Milton Ribeiro.

Entre muitas declarações vomitantes do candidato à reeleição, uma pelo menos me fez rir às largas. Quando Renata Vasconcelos o chama de desestimulador de vacinas tocando terror nas pessoas com a fake news de que elas poderiam virar jacarés, ele responde: “usei uma figura de linguagem, jacaré. Isso faz parte da literatura portuguesa”.

Sobre isso só tenho um comentário a fazer: Pequepê! Mas eu sou só uma comentarista que está do outro lado, que não se beneficia economicamente de seu governo, que não passa pano pra bandido, que não engole sapos, como uns e outros aí que vi nas redes.

Um deles, talvez o mais entusiasta defensor do presidente (ele sabe que se perder essa boquinha vai ter de ficar no lugar do Roque, animando o auditório nos programas do sogro, cantando Silvio Santos vem aí, lá, lá, lá, lá, lá, lá), não parou até agora de criticar a entrevista.

Fábio Faria usou seu perfil no Twitter para lamber o saco do patrão em várias postagens, tipo: “Como o William Bonner recebe o presidente da República fazendo caras de deboche e caretas o tempo inteiro??? Inacreditável.” Ora, seu Fábio! Primeiro que Bonner estava entrevistando o candidato, e não o presidente (até porque nem temos um) e segundo que caras de deboche são exclusivas do candidato em questão.

No dia seguinte, depois da entrevista com Ciro Gomes, publicou: “Melhoraram o microfone, a luz, tom de voz, o roteiro está ameno sem agressividade, sem ironias, sem careta, sem interrupções! Tudo isso em 24 horas!” Aqui entra meu comentário, o mesmo que fiz na sua postagem: Incrível! Melhoraram até o entrevistado!

Se Bolsonaro perder a eleição, outro que vai parar na “IOB” – Instituto Órfãos do Bozo” vai ser o comentarista esportivo Milton Neves, que publicou em seu Twitter: “Que doçura do William Bonner com o Ciro Gomes, hein? Ontem foi cruel e hoje um carneirinho. Isso leva a imaginar na quinta-feira o que fará? Um tapete vermelho seria bem coerente!”

Sobre essa entrevista citada por ele, pouco a comentar. Ciro vestiu sua fantasia de Cirinho Paz e Amor e foi apresentar seu programa de governo. E o fez direitinho.

Agora estou em cócegas pra comentar a entrevista do Lula mas acabou meu espaço. Fico pra próxima.

Esta crônica foi originalmente publicada em O Boletim, em 26/8/2022. 

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