Em português, um beijo pra você!
Hoje, no lugar de sair distribuindo tapas, escolhi distribuir beijos para algumas pessoas que se destacaram na semana.
O primeiro vai para a atriz Lúcia Veríssimo, lésbica assumida e revoltada, assim como todos os grupos representados pelo LGBTQIA + do país, com a entrevista que a também atriz Cássia Kiss deu para Leda Nagle.
Na live, sem nenhum pejo, vai soltando suas falas bolso-homofóbicas, para deleite da entrevistadora.
Cássia diz que “gays e lésbicas estão destruindo a família brasileira”. Inventou até um “beijódromo” nas escolas, que segundo ela, seria um espaço para que crianças de 6, 7 anos pudessem beijar à vontade. Diz que recebe fotos de meninos beijando meninos e meninas beijando meninas. Não contou de quem as recebe mas meu faro me leva direto ao WhatsApp da tarada da goiabeira.
Depois da apresentação desse Halloween homofóbico protagonizada pelas duas, Lúcia Veríssimo publicou uma foto em que ela e bruxa do 71 trocam um beijo fervoroso. E acrescenta: “que sigamos sem hipocrisia e falso moralismo. Sim, foi de verdade esse beijo. Sim, é a Cassia Kiss quem está me beijando…chega!!! Não foi novela não, foi vida real!!!
O segundo beijo vai para os agentes da PM que, ao cumprir uma ordem de prisão, foram recebidos a balas de fuzil, ao som de Granada Tierra Soñada por Mi, interpretada pelo pistoleiro Bob Jeff.
Eles, apesar de feridos, não revidaram, evitando assim que Roberto Jefferson se transformasse num novo Tiradentes.
Segundo comentaristas, Jefferson, já muito debilitado pelo câncer, pretendia ser morto a tiros pela polícia e sair como mártir nessa história. Logo ele que já interpretou o papel de Joaquim Silvério dos Reis, no ano de 2005, quando dedurou o esquema larápio do Mensalão, depois de ter passado anos se refestelando com dinheiro de propinas.
Mais um beijo aqui neste parágrafo, agora para a ministra do Supremo Carmem Lúcia, que, ultrajada no mais baixo nível pelo bandido, se manteve impávida e colossa.
Mais um beijo, desta vez para o presidente do TSE Alexandre de Moraes, que está enfrentando com calma e lucidez uma tropa de choque de milicianos dispostos a jogar merda no ventilador no nosso sistema eleitoral.
Nesse episódio em que o PL, através de uma auditoria contratada de credibilidade zero, diz ter encontrado irregularidades nas rádios que não estariam colocando no ar as inserções do seu candidato, ele foi ágil e percebeu logo a armadilha.
Os bolsonaristas foram – e continuam sendo – tão desonestos em relação a esse assunto (assim como em milhares de outros) que o Eduardo Bolsonaro, vulgo Dudu Bananinha, deu entrevista metendo o pauzinho no TSE e pedindo o adiamento da eleição, mesmo depois de as emissoras de rádio denunciadas terem enviado comprovantes de que cumpriram as ordens como manda o figurino.
E pra encerrar aqui vai um beijo de pesar para a família do morto, vítima daquele tiroteio na favela de Paraisópolis em São Paulo, durante a visita do candidato a governador Tarcísio de Freitas.
Pelo que se está apurando, tudo indica que aí tem. Gravações obtidas pelo jornal Folha de S. Paulo revelam ordens para que o cinegrafista contratado apague as gravações, levando a crer que tudo teria sido engendrado para que o episódio surtisse o efeito “facada” em prol do candidato bolsonarista.
Seria possível? Ainda faltam dados para afirmar, mas é sempre bom lembrar que de cabeça de político (sujo) e de bunda de criança a gente sabe o que vem.
Beijos!
Esta crônica foi originalmente publicada em O Boletim, em 28/10/2022.