Quanta gente já realizou o sonho da casa própria com o Minha Casa Minha Vida desde quando o programa foi implantando.
As pessoas trabalhavam duro para conseguir algum dinheiro que seria destinado à entrada do imóvel. O restante seria pago em eternas prestações mensais ao banco que financiava o resto do valor.
Alguns chegavam a vender alguns bens para conseguir o dinheiro. Vendiam desde apartamento à beira-mar na Barra da Tijuca, comprado com muito suor e pago com nota sobre nota, até loja de chocolate para, assim, conseguirem uma graninha extra para que esse sonho pudesse ser concretizado.
Não importava se a casa era grande ou se tinha apenas 2.400 metros quadrados de área construída. Eles saberiam dividir os espaços entre os membros da família, ainda que precisassem de beliches nos quartos para acomodar a todos.
A academia de ginástica que ficava dentro da casa poderia atender aos moradores desde que fosse feito um escalonamento entre os interessados. De manhã bem cedo seria a vez do cabeça da família, porque logo precisaria sair pra pegar duro no batente, já que teria que pagar uma prestação de mais de R$ 20 mil por mês ao banco que emprestou o dinheiro para a compra da casa. (E o medo de ficar inadimplente, né?)
Depois seria a vez de a patroa malhar antes de seguir para o trabalho. Afinal teria de estar em forma para encarar o expediente pesado, mas recompensador, já que contribuiria para realizar o negócio almejado junto com marido.
Demais dependências, piscinas e outras áreas de lazer seriam compartilhadas com amigos nos finais de semana, de preferência com aqueles que não ficam questionando origem de renda ou eventuais casos de ilícitos na compra de imóveis.
Não parece um conto de fadas?
Ter uma casinha para chamar de sua, comprada honestamente com o fruto do seu trabalho para viver com a família, dignamente, numa terra sem corrupção, sem pobreza, e, sobretudo, num país civilizado onde seu líder, preocupado com o povo, não mede esforços para comprar vacinas, a ponto de ser mencionado diariamente lá fora, pela sua competência na condução do combate ao coronavírus.
(E pensar que há países que estão enterrando seus mortos em valas comunitárias, ou até mesmo que deixam seus cadáveres em containers quando a produção de caixões não dá conta de atender à demanda. Que sorte temos nós!)
E, embarcando nessa onda de realização de sonhos, outros já idealizaram possuir seus próprios imóveis e trabalharam honestamente para conseguir um apartamentozinho na praia ou um sitiozinho no interior do Estado, como se esses bens duráveis representassem um troféu pelo bom comportamento que tiveram ao longo da vida.
Essas pessoas fazem parte de uma casta da sociedade que prima pela honra e pela lisura de caráter, e que são, portanto, merecedoras de tais recompensas.
O resto da população deveria se espelhar nesses exemplos se algum dia quiser possuir um bem, no lugar de sair por torrando os R$ 250,00 do auxílio emergencial que está para chegar.
Um pouco de juízo nestes tempos de crise é sempre bom!
Fica a dica!
Esta crônica foi originalmente publicada em O Boletim, em 5/3/2021.