Um ano atrás, a chegada da pandemia impediu que Mary e eu déssemos abraços e beijos em Marina no dia dos 7 anos dela – mas isso não tem importância. Importante é que tinha sido combinada uma festinha com os colegas da escola – e a festinha foi cancelada em cima da hora.
Marina fez 7 anos e faz agora 8 anos sob o signo da pandemia.
Abraços e beijos, só do pai e da mãe.
Um horror?
Nada. Se o horror fosse isso, que maravilha seria.
Para a tarde do domingo véspera dos 8 anos de Marina, os pais prepararam uma festinha virtual – com o mesmo capricho com que haviam preparado todas as festas presenciais do 15 de março pré-pandemia. Teve criação de logotipo, teve distribuição de lembrancinhas para os convidados – os colegas de turma da escola. Teve recreadora no ambiente Zoom, e, pelo que deu para saber aqui de muito longe, um quilômetro de distância, foi uma absoluta delícia, com a criançada feliz da vida.
No começo da última noite de Marina com 7 anos, a criaturinha esbanjava alegria preparando, ela própria, o bolo do dia do aniversário.
Daqui a algumas horas, no final da manhã, vamos ter nossa hora e meia de brincadeira, como temos tido todos os dias, menos os domingos, desde março passado. Ao final da brincadeira, a Mamãe vai entregar pra ela nosso presente, e vamos ver a carinha dela enquanto abre o envelope, lê a quadrinha (linda) que a Vovó escreveu e depois abre o presente propriamente dito.
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Um ano de pandemia, um ano sem abraçar e ser abraçada a não ser por Papai e Mamãe, um ano sem brincar presencialmente (ou brincando pouquíssimo) com as amigas-irmãs, com os amigos todos, com os vizinhos. Um ano em que só pôde ter uns pouquíssimos dias de aulas presenciais. O ano fundamental da alfabetização passado longe da escola.
E no entanto penso que Marina tirou de letra toda essa imensa quantidade de coisa ruim, de drama, de horror.
Claro: Marina é uma pessoa de sorte. Nasceu em berço esplêndido – tão diferentemente de tantos milhões de crianças. Berço esplêndido: nenhuma falta das coisas básicas materiais, nem das coisas básicas imateriais.
Marina nos ilumina a todos.
15/3/2012, 1h30
8 anos! É difícil de acreditar!
Marina quase mocinha, Marina rainha dos sorrisos da família e dos amigos. Marina querida desta bivó de mentirinha, mas de afeto bem verdadeiro!
Parabéns, linda Marina!