Oba! Mudamos o Ministro da Saúde! Sai Pazuello, entra Queiroga!
Depois da série de tropeços cometidos pelo ex-ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, o Congresso começou a fazer pressão para que ele pegasse sua mochila e fosse acampar em outro terreno. Muito justo, diante do absurdo número de mortos provocado pela Covid-19 e da inércia dele diante da gravíssima situação.
Aquela cagada em Manaus que lhe rendeu uma investigação por parte da Polícia Federal teria sido a gota d’água para esse desfecho.
Pazu teve de comparecer na PF para se explicar. E lá fez o quê? Em três depoimentos, Eduardo Pazuello deu três respostas diferentes para tentar se livrar da responsabilidade pela falta de oxigênio alertada pelo governador do Amazonas em documento com data, hora e todas as letras, que era pra não deixar dúvidas. Mas parece que ele não entendeu e no lugar de levar ar para Manaus, levou pastilhas de placebo e deixou que centenas de pessoas morressem em consequência disso.
Tem também a “cuestão” das vacinas não adquiridas em tempo hábil, a falta de insumos e o cacete a quatro. Mas de tudo isso a gente já sabe a origem, revelada em entrevista no hospital, onde o servil (é junto ou separado?) funcionário, todo sorrisos, bostejou ao lado do presidente: “Um manda, o outro obedece”.
Então devemos comemorar sua saída e aplaudir a entrada do outro? Não dá pra ter certeza disso ainda. Depois que Marcelo Queiroga, o novo ministro, disse que a política pública do Ministério da Saúde é “a política pública do presidente Bolsonaro”, tudo indica que houve apenas uma troca de mosca. Como ele pretende promover o distanciamento social prometido em entrevista se o chefe é contra? Como vai acelerar o programa de vacinação se não tem vacina? Como vai melhorar o atendimento hospitalar se não há vagas nos hospitais, se não tem aparelhos de oxigenação para todos, se não existem profissionais habilitados em número suficiente?
Diante dessa insegurança e desse desânimo, mandei uma mensagem para mim mesma: Deixa de ser pessimista, Vera! Vamos aguardar. De repente os 54% de desaprovação façam com que o coração do presidente amoleça e que ele deixe o homem trabalhar. Quem sabe a previsão de dois anos e meio para concluir a vacinação da população caia pela metade (aí já seria otimismo demais), ou, pelo menos, que a gente não tenha de ouvir um “vai comprar vacina na casa da tua mãe”.
No momento em que percebi que estava deixando a peteca cair de novo, procurei mudar de assunto e fui fuçar nos sites de notícias para ver se me empolgava com alguma boa nova.
Quando li o resultado da pesquisa Datafolha da última quarta-feira sobre a intenção de votos dos brasileiros para a escolha do próximo presidente, afundei no divã novamente. Deu Lula e Bolsonaro tecnicamente empatados nessa disputa. O que significa que o povo vai estar tecnicamente fodido por mais quatro longos anos, sem contar com esses dois que ainda nos restam.
Mais uma notícia “animadora”? Vamos lá! Esta semana o Congresso, com total apoio do presidente Bolsonaro, perdoou a dívida de mais de R$ 1 bilhão dos eleitores, digo das Igrejas, e de quebra ainda vai livrá-las de R$ 1,4 bilhão em tributos para os próximos quatro anos.
Gostaram da notícia vocês aí que vão receber as vultosas quatro parcelas de R$ 250,00 como auxílio emergencial?
Diante do exposto, estou na dúvida se abro uma igreja ou se, daqui pra frente, passo a ler somente a revista Casa e Jardim!
Esta crônica foi originalmente publicada em O Boletim, em 19/3/2021.