Foi o que fez o nosso ilustre presidente nesta semana.
Depois de ter dado uma martelada errada na ferradura, interpretando maldosamente a declaração do Tedros Adhanom, o diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), apareceu pouco depois, em cadeia (não, não aquela) nacional com um pronunciamento que beirou o equilíbrio emocional e, quase, a lucidez.
Apesar de ter citado que Tedros Adhanom achava prioritário cuidar da economia de um país – até então ele só tinha usado essa parte do discurso do diretor da OMS, para tentar mandar os incautos de volta aos seus trabalhos -, chegou mais manso e disse que as vidas humanas eram mais importantes.
(Algum profissional de marketing pessoal deve ter soprado no ponto dele para que desistisse, enquanto era tempo, de continuar com a mentira que espalhou para a população de que as pessoas podiam circular livremente, sem riscos à saúde. E para provar essa sua teoria exdrúxula, contrária a todas as orientações mundiais de saúde, inclusive a do seu próprio ministro, até compareceu no domingo a uma churrascada entre amigos, incentivando a socialização. Depois desse ato irresponsável, algumas pessoas começaram a deixar o isolamento, e outras até se arriscaram a abrir seus negócios, contrariando ordens estaduais e municipais.)
Se teve orientação ou não, o discurso (o primeiro com pé e cabeça) foi bem recebido por uma parte da população, a que não estava batendo panelas, claro! Aliás, um enorme número de panelas.
Os mais exaltados chegaram a chamá-lo de “um verdadeiro estadista”. Até opositores sentiram a diferença, e por um momento, mas só por um momento, acreditaram no agora vai.
Mas esse rompante de generosidade e de normalidade acabou no dia seguinte. Logo cedo publicou uma fake news mostrando um suposto desabastecimento dentro do Ceasa de Belo Horizonte, com a clara intenção de amedrontar a população sobre o que poderá acontecer se as pessoas continuarem em suas casas.
Em sendo essa uma mentira das grossas, teve de deletar a postagem.
Como se vê, ele não perde a oportunidade de tentar fazer com que as pessoas saiam do isolamento. Ou mentindo sobre desabastecimento ou mentindo sobre os efeitos do coronavírus, ao expelir nesta quarta-feira mais uma de suas dilmices: “Vírus é igual chuva, você vai se molhar, mas não morrer afogado”.
Pobre ministro Mandetta! Está sempre correndo atrás do prejuízo causado pela ignorância desse senhor que continua tratando o grande vilão mundial de virusinho.
E por falar em ignorância, sabe o 03, o Dudu Bananinha, que queria ser embaixador nos Estados Unidos? De novo mereceu destaque nas redes sociais esta semana, quando respondeu a um youtuber da direita radical da Inglaterra, que havia comentado sobre o fato de Jair Bolsonaro ser o único presidente a ter suas postagens censuradas no Twitter. Agradecido pelo apoio, Dudu falou em nome de toda a família. E, aplicando seus conhecimentos do the book is on the table, mandou ver a frase: “From the HOLE family”
Não sei se não contaram pra ele que HOLE em inglês quer dizer buraco, ou se foi mesmo um ato falho.
Afinal o “buraco” dessa família é qualquer coisa a ser estudada! Aquele que fica dentro de suas cabeças!
E como a família não tem uma fama muito boa no que diz respeito a neurônios e a ética, o vereador pelo Rio de Janeiro, Carlos Bolsonaro, o Carluxo, foi levado para morar com o papi no Palácio do Planalto (às nossas expensas, evidentemente!).
Dizem as más línguas que a família não tinha onde deixá-lo, já que as creches de todo o país estão fechadas.
Help! Que God save us from the hole family e que o Brasil não afunde nesse buraco!
Esta crônica foi originalmente publicada em O Boletim, em 3/4/2020.