Um país à deriva

Não temos um governo que nos governe ou que ao menos saiba o que é governar um país. Que pelo menos saiba quem escolher para administrar esta ou aquela pasta. Pior: o governo Bolsonaro escolhe o que há de pior, por simplesmente não conhecer o melhor.
Na Educação, a pasta mais importante de todas, só tivemos até agora ministros tão ignorantes das necessidades que o Brasil tem de aprimorar sua educação, como figuras que chegaram a desagradar amigos e inimigos do governo Bolsonaro.

Na Saúde, pasta que com o surgimento da Covid-19 tornou-se 100% mais vital do que jamais foi, temos um general da ativa que declarou candidamente que “tem quem manda e tem quem obedece”, referindo-se a ele e ao presidente Bolsonaro, ambos absolutamente despreparados para os cargos.

Na Economia um Posto Ipiranga que tem a língua solta para fazer promessas, mas nenhuma capacidade de fazer vencer aquilo que prometeu.

A incapacidade do atual governo é de tal monta que nas eleições municipais pelas quais ainda estamos passando bastava ter o apoio do presidente para perder para o concorrente mais esperto que abriu mão dessa ‘bênção’.

Temos tido diariamente comentários e explicações absurdas do governo Bolsonaro sobre os mais variados motivos. Agora mesmo, a respeito da violência bárbara contra um cidadão negro no supermercado Carrefour em Porto Alegre, perguntado sobre assunto de tal gravidade, disse Bolsonaro que não falaria de racismo pois como ele é daltônico, não discute cores, todas têm o mesmo valor para ele. Coitado… não sabe que daltonismo não envolve distinguir o preto do branco…

Segundo as notícias veiculadas pelos melhores jornais e noticiários em nossos canais de TV, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, tem uma gaveta com vários e diversos pedidos de impeachment do presidente Bolsonaro, que ele nem abre nem deixa ninguém abrir por achar que este não é o melhor momento para tratar de movimento tão sério. Concordo com ele que este é um momento sério demais, mas discordo do direito que ele se arvora em ser o único juiz de tal momento. Que tipo de momento ele acha que será o mais adequado? Não seria melhor para o país ouvir a maioria dos representantes dos estados para que todos decidissem se o momento é ou não é hoje?

Sei que vivemos num país que vai de fracasso em fracasso e que anda numa tristeza infinita. Aos 83 anos, posso dizer, com certeza,  que o Brasil nunca esteve tão triste, excetuando-se talvez os anos do golpe que nos foi infligido pelos militares …

Dói ver nosso Brasil nesse estado. Dói muito. Mas a culpa é de quem, senão nossa que votamos tão mal em 2018?

Este artigo foi originalmente publicado no Blog do Noblat, na Veja, em 22/11/2020.

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