Strike!

Noite de quinta-feira de um dia cheio de afazeres, sem tempo para pesquisar, sem tempo para escrever e sem vontade de comentar as idiotices expelidas durante a semana pelas nossas “otoridades”, mas preocupada em produzir um texto pra não deixar meu editor na mão.
Estou, neste momento, dentro de um boliche barulhento na festa de 10 anos da minha neta, que resolveu comemorar seu aniversário como adultinha.

O estrondo das bolas soa como bombas nos meus ouvidos.

Mas o que é o som de bomba de uma bola de boliche perto das bombas que esses políticos soltam todos os dias, né?

Bombas do tipo não há fome no Brasil, lançada feito um míssil desatinado do Kim Jong-un pelo nosso presidente da República, corroborada pelo ilustre ministro da Cidadania Osmar Terra, que disse: “Temos recessão, desemprego, falta de moradia, mas fome, não”. (Vai ver ele tinha acabado de almoçar.) E ainda colocou o Brasil, o Japão e a Noruega no mesmo patamar no quesito fome. Tamos bem, né, ministro?

Mas essa foi só mais uma besteira sua. Outro dia ameaçou fechar a Anvisa caso a plantação de maconha para fins medicinais fosse liberada. Os portadores de doenças neurológicas, que dependem do remédio importado a altíssimos custos dos EUA, estão tentando entender como que alguém com tão pouco cérebro, sem um pingo de conhecimento, chega a ocupar um cargo tão importante num governo.

Bem, pensando melhor, não é difícil entender! Se ele faz parte de uma equipe montada por alguém que se esquece de que governa para um país inteiro e chama pejorativamente os nordestinos de “Paraíba”, não chega a surpreender. Uma declaração do presidente entre quatro paredes mas com um microfone inadvertidamente aberto, que revela sua má vontade para com Estados comandados por partidos de oposição. Talvez porque ainda não tenha caído sua ficha de que isso acontece normalmente nas democracias.

Sobre essas duas questões, Bolsonaro tentou primeiro culpar a imprensa porque, segundo ele, distorce tudo o que fala (apesar das gravações) e, depois, como é de costume, desdisse o que tinha dito, e tentou remendar com “o brasileiro come mal”. Em seguida declarou que adora o Nordeste e até se deixou fotografar com um chapéu de cangaceiro!

E não é que lhe caiu bem? Combinou!

Bom, chega de papo. Agora vou lá tentar derrubar uns pinos. Não sou muito boa nisso mas, quem sabe se eu colocar nomes de políticos em cada um deles, acabe fazendo um strike!

Esta crônica foi originalmente publicada em O Boletim, em 26/7/2019. 

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