“Para que provas? É a minha verdade”

A frase que usei para título de meu artigo mostra de modo bem claro a qualidade do presidente que nós arranjamos. Provas são inúteis, quando temos a verdade dele? Foi isso mesmo que o capitão disse: “A verdade dele!”.

Será que não dava para Bolsonaro imaginar o que seria se cada um de nós tivesse direito à sua verdade, sem prova alguma?

A verdade desse insensato capitão é muito elástica. Pode ficar conhecida como Puxa-Estica. Se grudar na parede formada pelos animados que passam bom tempo de seus dias na porta do Alvorada, a verdade do capitão pode permanecer o tempo da gota de orvalho numa pétala de flor (com licença do Vinícius). Se não colar, qual o problema, é só desdizer e está tudo resolvido.

Esta semana ele venceu todas as outras em matéria de verdades bolsonaristas: criou problemas planetários, pois ofendeu-se com a verdade dos outros.

Assim como alguns de seus seguidores, irritou-se com Macron por usar “nossa” Amazônia num pronunciamento a respeito das queimadas. Em vez de sair por aí defendendo o indefensável, melhor faria a bolsonaríssima congressista Joice Hasselmann em dar ao capitão um bom atlas para que ele aprendesse que a floresta amazônica enriquece outros países da região: a maior parte fica no Brasil (60%), os outros 40% nos seguintes países: Peru, Colômbia, Venezuela, Equador, Bolívia, Guiana, Suriname e França (Guiana Francesa).

É natural pois que eles se preocupem com as queimadas que se espalham sem licença de Deus…

Bolsonaro, que não tolera opiniões diferentes das suas, estrebucha e nos intriga com o resto do mundo. Não escolheu assessores para governar com ele: escolheu adesistas. O que conseguiu até agora foi emporcalhar a imagem do Brasil e que nosso pobre país seja desrespeitado.

Estamos sem dinheiro até para alimentar nossos recrutas, que dirá para combater o fogo que se espalha e destrói a floresta que todos julgávamos imperecível… Se ele continuar puxando briga com nossos vizinhos e algum deles resolver nos chamar para briga, o que é que vamos fazer?

É bom levarmos em conta que tamanho não é documento…

Este artigo foi originalmente publicado no Blog do Noblat, na Veja, em 23/8/2019. 

Comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *