Não falta assunto no botequim

Nos tempos de Fernando Henrique Cardoso a conversa nos bares depois do trabalho era uma chatice. O presidente não atacava ninguém, não anunciava que ia intervir em questões banais, não via garras comunistas em órgãos técnicos, não saía a pé do Palácio… Não ia, dia sim dia não, a um evento oficial ou de outra natureza, e ficava de boca fechada.

Nos bares de hoje, celular na mão… “Olha o que o Bolsonaro falou!” E para o garçom: “Mais um chope, Sinval, para engolir essa”. Na quinta-feira (25), enquanto a prisão dos hackers agitava o País, o presidente do Brasil entregava medalhas para estudantes no colégio da Polícia Militar, em Manaus. De quebra, em discurso, provocou Marina Silva e Sarney Filho – que reagiram, indignados.

Estive pensando – até onde Bolsonaro vai chegar? Poderia ir à coroação de Miss Brasil. Subiria ao palco para coroar a vencedora, e dividir com ela os aplausos da platéia. Difícil imaginar que ficasse só nisso. Certamente diria “algumas palavras” e sabe Deus para quem iria sobrar.

É certo que Damares interferiria no decoro. As candidatas teriam que usar saia, para não ficar de perna de fora, onde já se viu?

Outra boa pedida seria a Farra do Boi, em Santa Catarina. É uma brincadeira que maltrata o animal e está proibida pela Justiça – mas continua a ser praticada. Bem do jeito para Bolsonaro chegar lá, se insurgir contra a proibição, e anunciar que vai liberar geral. Se ficasse só nisso… Ninguém garante que não desse um chega pra lá em um boi, para sair bem na foto. De resto, tudo bem. Nessas questões de boi ele tem até bancada.

Em cenário mais fino, existe a São Paulo Fashion Week. Desta Bolsonaro não deve gostar, porque não é sua praia e não fala inglês. Sempre pode levar junto o Eduardo, se ele não estiver na Embaixada.

 Julho de 2019

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