O livro de papel, depois a tela do e-book. E, agora, o e-book à prova d´água. Uai, pensei, mesmo não sendo mineiro. Pra que isso? Não sei por que lembrei do Gene Kelly dançando na chuva, com guarda-chuva mas todo molhado. Hoje poderíamos, além de dançar, ler?
A oferta veio pelo e-mail por estes dias. Bem, ponderei; talvez possa ser usado na banheira, ainda como em Hollywood. A moça entra e se afunda na espuma. Liga seu e-book, despreocupada. Muda as páginas com o dedo molhado. Poderia entrar no clima de décadas atrás, impressionando-se com O Grande Gatsby. Ou, sinal dos tempos, deliciando-se com Cinquenta Tons de Cinza.
Outra situação aceitável é que a novidade pode ser muito útil para leitoras emotivas. Aquelas que se banham em lágrimas durante trechos da leitura. Se a tela molhar, tudo bem. Se molhar muito, elas podem usar o lenço uma vez nos olhos, outra na tela, e ir em frente.
Agora, o novo e-book pode ser um achado para trapalhões que gostam de tomar uma cervejinha durante a leitura. Não vai dar outra. Em certo momento ele entorna metade da bebida fora da boca, ou dá um tabefe no copo, e temos, por exemplo, Gabriela, Cravo e Canela e cerveja. Um paninho para enxugar a tela, problema resolvido.
A primeira reação das pessoas a quem falei sobre a novidade é que pode ser lida na piscina. Vai ler como, cara pálida? Flutuando, nadando, em pé, atrelada no “macarrão”? Ah, dizem. Em uma bóia tipo colchão. Dá pra ler Guerra e Paz em uma bóia tipo colchão?
Fevereiro de 2019